Parabéns aos sérios, ainda que façam piada

Confesso que ainda que esteja há 4 ou 5 anos envolvida até os últimos fios na área jornalística, ainda que na maior parte desse tempo como estudante, sempre esqueço que temos um dia.

Por Naruna Brito
 
Sim, assim como os enfermeiros, médicos, advogados e também as zonas térmicas. Mesmo freqüentando os corredores da universidade, recebi inúmeros cumprimentos e parabéns pela data. Comecei então a me perguntar: por quê? Por estar saindo do meio acadêmico ainda tateando nas paredes para descobrir em que técnica eu posso me apoiar? Por ter como colegas de profissão centenas de milhares que não aprenderam o que é notícia ou que não respeitam os limites na hora de transmiti-la à sociedade? Deveria eu ser cumprimentada por isso?

Todos os anos alguém diz que o dia deve ser de reflexão, auto-análise e crítica, reivindicação dos direitos. Mas eu paro e penso que apesar de falar tanto, a classe jornalística é a mais calada de todas. Isso porque não encontramos forças para nos unir. Raros são esses momentos. Foi preciso que nos tirassem o diploma, a regulamentação para que uma tímida reação fosse esboçada.

Vivemos e vimos situações absurdas diuturnamente. Erros crassos que não cabem mais na máxima “errar é humano”. Assim como os médicos, temos a vida das pessoas em nossas mãos, ainda que de uma maneira mais literal.

Sem muito me alongar, acho que a data é dos sérios. Daqueles profissionais que persistem fazendo um jornalismo poderoso. São as nossas exceções. E não me refiro apenas aos que usam de termos polidos, constroem textos e offs rigidamente redigidos pelas teorias. Para mim, sérios são os que, ainda na piada, conseguem, e talvez até com mais eficácia, chegar ao resultado pretendido: um público informado e pronto para emitir sua opinião.

Não pretendo soar como falsa idealista agora ou em qualquer momento. Apenas reflito sobre a área que escolhi conscientemente e que, ainda mal das pernas, é o meu fio condutor no mundo profissional.

Portanto, aos sérios, meus parabéns. Peço que não desistam para que eu não desista também.