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Vuvuzela, o barulhento trunfo da seleção sul-africana

Há quem veja com ceticismo as chances da seleção anfitriã na Copa do Mundo da África do Sul, mas todos concordam que ela conta com um trunfo poderoso: as vuvuzelas, espécie de grandes cornetas de plástico que são a marca registrada das torcidas sul-africanas, e que soarão aos milhares, executadas pela torcida do time da casa.


Em geral com um metro de comprimento – mas há menores, ou muito maiores – as vuvuzelas têm um poder que chegou a fazer a Fifa cogitar sua proibição durante os jogos da Copa. O antipático veto só não prosperou porque a Federação Sul-Africana de Futebol fez ver aos cartolas do mundo que uma disputa de futebol sem vuvuzela seria algo incompatível com as tradições nacionais da pátria de Nelson Mandela.

Assim, na semana passada, a vuvuzela foi liberada, e incontáveis turistas de todos os continentes também as compram, em lojas e camelôs, para dar sua contribuição à barulheira. O instrumento exige pulmões possantes e solta um som comparado ao de uma sirene, ou ao bramido de um elefante.

As vuvuzelas produzem 140 decibéis de ruído. As equipes de TV que cobrem a Copa estão preocupadas com a interferência nas transmissões. Outros dizem que a barulheira impedirá os técnicos e jogadores de se comunicarem. De qualquwr forma, com a liberação, espera-se a Copa mais ruidosa da história.

Nome seria homenagem ao fim do apartheid

A origem do nome é controversa. Pode ser uma onomatopeia zulu para "fazer vuvu". Mas Freddie Maake, o Saddam, que se proclama o inventor do instrumento, nos idos de 1965, diz ter inventado também o nome.

"Significa 'celebrem, unam-se' em zulu. Eu passei a usar essa palavra em 1992, quando a África do Sul voltou a disputar partidas internacionais (depois do gancho de 24 anos imposto pela Fifa por causa do regime racista do apartheid)", explica Maake, que tem o apelido de Saddam por ser um admirador declarado do presidente deposto do Iraque, Saddam Houssein.

Morando com seus oito filhos numa casinha na periferia pobre de Joanesburgo, Maake conta como confeccionou a primeira das vuvuzelas. Ele usou uma buzina de bicicleta, de metal, que funcionava à base de sopro. Na década de 80, fabricou um modelo em alumínio.

Modelos de metal foram banidos

Foi quando as vuvuzelas começaram a entrar na moda, associando-se definitivamente ao futebol sul-africano. Mas os modelos de metal logo foram substituidos, por temos de que servissem como armas nas disputas entre torcedores. Surgiu então a vuvuzela tal como é vista nesta Copa do Mundo: inofensiva, produzida em escala industrial, de plástico em cores vivas. A trajetória fornece um interessante capítulo da cultura de massas e da indústria cultural que acompanham em nossa época grandes paixões como o futebol.

Os torcedores de cada time usam vuvuzelas de uma determinada cor. Na Copa, todos estarão unidos, fazendo barulho pela vitória que seria também a primeira de uma seleção do continente africano (a Europa detém nove vitórias na Copa, a América latina outros nove, e os demais continentes permanecem de fora do pódio, sem obterem sequer um quarto lugar).

Da redação, com agências