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Em PE, Serra vê problemas entre aliados e não convence eleitores

Os senadores pernambucanos e aliados políticos Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Sérgio Guerra (PSDB) mantiveram distância nesta sexta-feira (16) durante a caminhada do candidato tucano à Presidência, José Serra, em Caruaru, no agreste pernambucano. A Folha apurou que o peemedebista, candidato ao governo de Pernambuco, está descontente com a revoada dos prefeitos tucanos rumo ao ninho do governador e candidato à reeleição Eduardo Campos (PSB), amigo pessoal de Guerra.

Jarbas, que tem mais quatro anos de mandato no Senado, não pretendia disputar a eleição estadual, mas foi convencido por Serra a ajudá-lo a montar um palanque forte no Estado. O PSDB, porém, não participou da chapa majoritária em Pernambuco.

Escalado para comandar a campanha nacional tucana, Guerra não aceitou disputar a reeleição ao Senado e preferiu tentar uma vaga na Câmara, sob o argumento de que não poderia se dedicar a duas grandes campanhas majoritárias ao mesmo tempo.

Ontem, em Caruaru, Jarbas não comentou o caso. Sua assessoria negou a existência de conflitos. Disse que a debandada de alguns prefeitos tucanos no Estado já era esperada. Dos 18 prefeitos do PSDB em Pernambuco, apenas dois apoiariam Jarbas.

Guerra também negou a crise e disse que vota em Jarbas, mas afirmou que não pode obrigar os prefeitos a pedir votos para o peemedebista.

"Aliás, eu não obrigo ninguém a coisa nenhuma", afirmou. "É bom dizer que prefeitos de outros partidos também não votam em candidatos de seus partidos. É uma questão nacional", declarou Guerra. "É um processo que tem a ver com a reforma tributária, com a dependência que as prefeituras têm hoje dos poderes estadual e federal."

O presidente tucano afirmou ainda que não vai punir ninguém por isso. "Punição nenhuma. As nossas portas estão abertas. Quem quiser entrar no PSDB entra, quem quiser sair sai", declarou.

"O nosso partido é democrático, não tem dono no PSDB", afirmou. "Eu não sou coronel nem tem coronel lá, a gente não trabalha assim", disse o presidente tucano.

Na caminhada de Serra, eleitores davam voto a Dilma

Porém este não é o único problema na campanha serrista em Pernambuco. Durante a caminhada organizada em apoio aos candidatos José Serra, Jarbas e aos candidatos ao Senado Marco Maciel (DEM) e Raul Jungmann (PPS), sobravam eleitores da adversária petista Dilma Rousseff.

Eleitor do Estado em que nasceu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o comerciante Gilson Gomes, explicava porque caminhava ao lado da comitiva tucana, apesar de declarar o voto em Dilma. “Na verdade, eles são iguais. A diferença entre Dilma e Serra é o Lula, então voto na Dilma”, jusitificou.

A dona de casa Severina da Silva, outra que declarou voto na petista enquanto seguia Serra pelas ruas de Caruaru, também atribuiu sua escolha a Lula. “Dilma vai fazer o mesmo que Lula fez. Eu só estou aqui porque isso aqui é uma festa aberta para todo mundo”, explicou. Já o estudante Pedro Augusto, que acompanhava o evento, afirmou que “por enquanto” vota em Dilma. “Eu estou só observando o outro candidato porque posso mudar de opinião”, disse.

Serra montou uma extensa agenda em Pernambuco no mesmo dia em que Lula estreou na campanha eleitoral deste ano, em um comício organizado pela campanha de Dilma no Rio de Janeiro. Ciente do favoritismo do PT no Estado, o ex-governador paulista passou boa parte do dia evitando o confronto direto com Lula.

Questionado sobre sua desvantagem na região Nordeste com relação a Dilma, Serra rebateu lembrando que, em 2002, quando perdeu a eleição presidencial para Lula, teve mais votos que o petista no primeiro e no segundo turno na cidade de Caruaru. Esta é a terceira visita de Serra ao Estado desde que iniciou a pré-campanha. O tucano já marcou o retorno à região para o final de julho. Deve passar por Petrolina, região do rio São Francisco.

Muitos eleitores que declararam seu voto em Serra justificaram a escolha por ele ser o candidato indicado pelo ex-governador Jarbas Vasconcelos, que contrariou o alinhamento do PMDB na esfera nacional e optou pela aliança com o PSDB no Estado.

As irmãs Patrícia e Amanda de Araújo afirmaram que votarão no tucano porque foi a indicação feita pelo ex-prefeito de Caruaru e candidato a deputado pelo DEM, Tony Gel, marido da candidata a vice-governadora na chapa de Jarbas. Já o taxista que se identificou como Zé Matuto afirmou que votará em Serra por não votar em mulher. “Não tenho nada contra mulher, mas não voto em mulher porque mulher chora, tem coração mole”, disse.

Fontes: Folha Online e Último Segundo