Morre Magno Cruz, ex-presidente do Centro de Cultura Negra
O engenheiro civil Magno Cruz, ex-presidente do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA), morreu na manhã de ontem, no Hospital UDI, no Jaracati, onde estava internado há duas semanas. Ele tinha 59 anos e, de acordo com informações de familiares, sofria de um câncer no pâncreas.
Publicado 04/08/2010 18:47 | Editado 04/03/2020 16:47
Pai de três filhos, Magno Cruz, além de ex-presidente do CCN-MA, foi um dos fundadores do Sindicato dos Urbanitários do Maranhão, participou da fundação da Rádio Comunitária Conquista, chegou a ser candidato a vereador em São Luís pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e era um dos mais ativos militantes da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH).
Depois de se submeter a uma cirurgia, no final de semana, Magno Cruz não resistiu a complicações do pós-operatório e faleceu às 5h30 da manhã de ontem.
Homenagens
Antes do meio-dia, foi iniciado o velório na própria residência da família, no Cohaserma – Rua 19, Quadra ‘O’, Casa 7 -, onde o falecido começou a ganhar diversas homenagens, sobretudo de dirigentes e militantes de movimentos sociais tanto de São Luís quanto de cidades do interior do Estado.
Na Assembleia Legislativa do Estado, a deputada Helena Heluy (PT) proferiu um discurso, declarando que Magno Cruz foi um grande ativista dos direitos humanos no Maranhão. Chocada com a notícia do falecimento do ex-colega de partido, a deputada criticou a falta de investimento do poder público maranhense na prevenção e tratamento do câncer, doença que acometeu Magno Cruz.
“Desta vez, não só a notícia causou o impacto do diagnóstico, mas, também, a forma rápida e brutal”, comentou em relação à rapidez do processo entre o diagnóstico e o falecimento do ativista, que chegou a passar por cirurgia, no último sábado.
A deputada Helena Heluy destacou que Magno Cruz era engenheiro da Caema, além de militante das lutas populares e do movimento negro, no Maranhão e no Brasil, e salientou nele a qualidade de bravo lutador, a simplicidade e profunda coerência.
“Faço esse registro, manifestando, de logo, nossas condolências pela perda de Magno Cruz”, afirmou a deputada, acrescentando que permanece a insensibilidade do Poder Público em relação ao tratamento do câncer, “que tem causas, tem possibilidades de prevenção e possibilidades de tratamento eficaz e de qualidade”.
Em requerimento à Mesa Diretora da Assembleia, a deputada Helena solicitou o envio de condolências à família de Magno Cruz, ao Centro de Cultura Negra (CCN), ao Sindicato dos Urbanitarios e à Rádio Conquista FM, pelo falecimento do militante. O requerimento acentua que a perda de Magno entristece a sociedade maranhense, que perde uma figura exemplar pela retidão de seu caráter e permanente compromisso com os direitos humanos, cuja vida foi dedicada à luta em defesa da igualdade racial.
“Magno Cruz era homem de reconhecido saber e defensor intransigente do respeito à vida e contra todo preconceito”, afirma em requerimento.
Igualdade racial – Magno Cruz foi também um dos integrantes da equipe fundadora da Secretaria de Igualdade Racial, instituída pelo então governador Jackson Lago, em janeiro de 2007, logo após a sua posse no Palácio dos Leões. Durante o velório, no final da tarde de ontem, Silvio Bembem, que foi secretário adjunto da Igualdade Racial, frisou que Magno Cruz foi o maior líder contemporâneo da luta do movimento negro no Maranhão.
“Homem digno, ético, solidário e sonhador por um mundo com igualdade, justiça e liberdade entre índios, negros e brancos. Magno Cruz, homem que nunca tolerou as injustiças e a falta direitos humanos, principalmente para os pobres que na sua grande maioria são a nossa população negra. Magno Cruz agora vai se juntar a outros dos nossos lutadores: Zumbi do Palmares, Gandhi, Luiza Mahin, Negro Cosme, Malcon X, Martin Luther King, Sílvia Cantanhede, Escrete …”, acentuou Bembem.
Ele acrescentou que “Magno Cruz, filho, pai, irmão, marido, companheiro, amigo, engenheiro civil, sindicalista, militante contra o racismo e da democracia dos meios de comunicação; Magno Cruz um ser humano imprescindível para a nossa luta. Magno Cruz sempre nos orgulhou”. O sepultamento de Magno Cruz foi realizado na manhã de hoje (quarta-feira, 4), no Cemitério Parque da Saudade (Vinhais).