Leci e Petta discutem inclusão da cultura popular

Os candidatos a deputado estadual e federal pelo PCdoB, Leci Brandão e Gustavo Petta, se encontraram na noite desta terça-feira (24/8) com lideranças das rodas de samba e projetos culturais que atuam em bairros da Capital. 

Os candidatos se encontraram com lideranças das rodas de samba e projetos culturais que atuam nos bairros da Vila Madalena, Pinheiros, Pirituba, Barra Funda, Bom Retiro e Vila Maria. Na ocasião, Leci e Gustavo receberam um documento dos organizadores contextualizando as dificuldades desses artistas e produtores culturais e enumerando sugestões de ações parlamentares.

Na informalidade do espaço conhecido como Bar da Graça, na praça Roosevelt, gerenciado pela cantora e compositora Graça Braga, Leci e Gustavo traçam um pouco da trajetória de ambos e os pontos em comum na militância na área cultural. Na gestão à frente da União Nacional dos Estudantes, Gustavo implantou os Centros Universitários de Cultura e Arte (CUCA).

Ele citou o CUCA instalado no Espaço Raul Tabajara, na Barra Funda, que recebeu sambistas e atores dialogando com a comunidade local e com a cena artística paulista. “Infelizmente, tivemos que sair do CUCA por conta da política higienista do governo que se instalou a partir da gestão de Andrea Matarazzo, aliado político dos que estão no poder aqui em São Paulo”, explicou Gustavo. Ele também defendeu ações que estimulem os espaços de convivência que estão se extinguindo na cidade.

Leci resumiu sua trajetória no samba desde a origem humilde até ser descoberta como compositora que, segundo Sérgio Cabral, fazia canções de protesto. “Eu cantava a minha realidade e nem sabia que isso era música de protesto”, lembrou. Leci afirmou que é necessário que o poder público paulista democratize a distribuição dos recursos públicos e que a cultura popular como o samba, os batuques do interior paulista tenham espaço nas políticas públicas.

“Nas minhas viagens à Bahia e Pernambuco eu percebo que o orçamento desses locais privilegia o artista através de inúmeros projetos. O orçamento da cidade de São Paulo precisa estimular a produção dos seus artistas”, destacou Leci. Gustavo concordou com ela complementando que a política de eventos, como a virada cultural, deveria ser mais voltada para a criação de espaços para o artista que vive em São Paulo. “A propaganda que se faz em torno é mais para promover o poder público”, disparou.

Mediado pelos músicos Railídia e Fernando Szegeri, integrantes do coletivo de cultura paulistano do PCdoB, o bate-papo reuniu lideranças do samba, choro, escolas de samba e militantes do futebol de várzea e profissional. Entre os cantores,compositores, instrumentistas e produtores/movimentadores culturais presentes estavam Maurinho de Jesus, Wilson Sucena, Edu Batata, Graça Braga, Edivaldo Galdino, Dona Iná, Marquinhos Bailão, Ildo Silva,Kico Nogueira, Arthur Tirone, Carol Santos, Marco Bressan, Bagda, Marli e Luciene Balisa.

O ex-deputado Nivaldo Santana e o vereador Jamil Murad também compareceram ao evento reafirmando o apoio à dobrada Leci/Petta

O samba precisa ser incluído na Política Cultural do Estado de São Paulo
A proliferação de rodas de samba e batuques em São Paulo cresce a uma velocidade que as políticas públicas existentes no Estado representam muito pouco para o público que produz essas manifestações artísticas. A criação de espetáculos (rodas e shows), a pesquisa, produtos (cds, dvds, livros, etc) e projetos em arte-educação (oficinas, workshops, palestras) estimulados por editais públicos atingem uma parcela mínima de artistas vindos do mundo do samba.

A revitalização dos mestres da cultura tradicional seja através da recuperação de músicas dos autores das velhas-guardas dos sambas do Rio de Janeiro e São Paulo ou dos mestres do interior paulista e seu batuque caipira ganharam enorme proporção entre os jovens paulistanos estimulando a criação de inúmeros projetos musicais espalhados pela Capital paulista, sobretudo nas Zonas Sul e Leste, e grande São Paulo, em cidades como Guarulhos e Osasco.

Preservar e difundir o conhecimento praticado nesses espaços de convivência do sambas e dos batuques é função do poder público. Assim como é dever dos gestores municipais e estaduais de cultura democratizarem o acesso aos recursos públicos que estão disponíveis para o artista gravar um disco, realizar uma apresentação ou ainda ministrar uma oficina abordando a sua prática artística.

É necessário que a cultura popular brasileira seja compreendida pelo poder público como ponto fundamental da nossa identidade cultural reafirmando o nosso jeito de ser, de celebrar, de batucar, de comer, de vestir, de conviver e de resistir. Neste ponto o brincante, o batuqueiro, o compositor, o cantor, o movimentador cultural precisa ser alimentado na sua vivência e reconhecido como agente multiplicador de conhecimento.

Para que o Estado de São Paulo inclua o sambista em uma futura política cultural sugerimos algumas ações:

– Divulgação massiva, através de publicações didáticas, em rodas de samba e projetos musicais de todos os editais que abarquem projetos musicais de sambas e batuques;

– Criação de uma equipe de apoio nas secretarias estaduais e municipais de cultura responsáveis por esclarecer, através de oficinas de capacitação, o conteúdo dos editais para os grupos e artistas interessados.

– Reavaliação do conteúdo e critério dos editais estimulando características como oralidade, por exemplo, traço marcante da cultura tradicional.

– Redistribuição de forma mais equilibrada da verba disponível para a cultura popular e a chamada música erudita

– Reocupação dos Centros de Educação Unificados com programação semanal de shows acompanhados de bate-papo e workshop com compositores, ritmistas e pesquisadores do samba.

– Projetos de integração entre rodas de sambas espalhadas pela cidade e rodas de samba realizadas nas escolas de samba pelas velhas-guardas.

– Criação de banco de dados musical nos sites das secretarias municipal e estadual de cultura em que o público possa compartilhar músicas, biografias, imagens e depoimentos de artistas contemporâneos e da velha-guarda.

– Estimular a rede de blogueiros que se dedicam a divulgar o samba.

– Estimular a parceria entre os pontos de cultura existentes em São Paulo com artistas e agentes culturais para que seja construída a memória áudio-visual das manifestações de sambas e batuques na cidade.

Fonte: www.gustavopetta.com.br