Em defesa do voto paritário para escolha do reitor e vice!
Na última quarta-feira, dia 01 de setembro, foi instalada a Comissão designada pelo Reitor para elaborar as normas do processo de consulta à comunidade universitária para a eleição de Reitor. As normas devem definir o peso do voto das categorias – estudantes, docentes e técnicos. Por Arlete Araújo*
Publicado 08/09/2010 07:55 | Editado 04/03/2020 17:08
No processo eleitoral, os candidatos se apresentam à sua comunidade com um conjunto de propostas, recebem sugestões e críticas, dialogam com os atores e firmam compromissos. Portanto, é um momento extremamente rico em que a política assume papel central e em que a democracia é exercida. Um amplo debate sobre os temas mais variados – ensino, pesquisa, extensão, política estudantil, política de gestão das pessoas, orçamento, condições de trabalho, desempenho dos alunos, projetos pedagógicos, plano institucional de desenvolvimento, articulação com a sociedade, formação profissional, políticas de permanência do estudante, política de qualificação do corpo técnico-administrativo ocupam a atenção de toda a comunidade. Todos os temas, sem exceção interessam às categorias de docentes, técnicos e estudantes. Quanto mais pessoas forem envolvidas no processo maior será o ganho para a instituição pois o diálogo com a comunidade além de permitir a construção de consensos sobre as prioridades da instituição permite à mesma escolher de forma consciente aquele candidato com propostas mais próximas de seu projeto de universidade. Todos ganham. De um lado, a comunidade estará mais vigilante para cobrar do seu dirigente as promessas de campanha; Do outro, o candidato sabe que ao comprometer-se será cobrado para cumprir as promessas de campanha. Nesta relação, cria-se a possibilidade de que a gestão seja voltada para a solução das demandas que foram colocadas.
Daí porque se torna fundamental que o peso do voto seja um elemento a estimular as categorias a participarem do processo. Logo, não é uma questão numérica como me referi acima. É uma questão que envolve o compromisso com a democracia e a participação política das pessoas. Nesta perspectiva, um desequilíbrio do peso do voto a favor da categoria docente afastará do processo os técnicos e estudantes que avaliarão, com justa razão, que o seu voto não tem o poder de influenciar a escolha. Assim, a solução mais adequada é garantir a paridade do voto, definindo que docentes, técnicos e estudantes têm o peso de 1/3 cada. É preciso salientar que ainda assim, os docentes terão um peso maior na escolha dado que é a categoria com menor número de votantes e que os estudantes terão um peso menor uma vez que o número de votantes é maior. Logo, definida a paridade há que se estabelecer outra discussão – se ela deve ser pré-fixada ou pós-fixada. E, neste caso, deve-se levar em conta a participação histórica das categorias em processos anteriores para que a definição não venha a produzir outra distorção no processo.
O fato é que não devemos ter medo da paridade! A escolha por uma outra candidatura com certeza se fará pelo conjunto de propostas apresentadas para todas as categorias. O voto paritário já orientou processos passados e a instituição sobreviveu! É preciso que se diga que não apenas esta discussão está fora do lugar em função de experiências anteriores como ocorre em um momento, aliás toda a discussão da norma, em um momento em que as candidaturas estão postas permitindo que interesses já cristalizados não tenham a suficiente isenção para votar dado que as preferências eleitorais estão definidas. Com certeza, definir as regras do jogo com o jogo sendo jogado, não ajuda em nada a consolidar instituições democráticas. Que no futuro, as regras sejam definidas com antecedência para que não sejam subordinadas ao calor do momento eleitoral!
Rio Grande do Norte (UFRN) pela chapa Novo Olhar.