Assembleia realiza audiência para debater salário dos jornalistas

Os jornalistas do Rio Grande do Norte, junto ao sindicato da categoria (Sindjorn), realizaram uma audiência na Assembleia Legislativa na manhã desta quarta-feira (20), para discutir os baixos salários dos profissionais.

O RN paga um dos piores pisos do Brasil, de R$ 900, ficando atrás inclusive de estados com menor poder econômico, como é o caso de Alagoas.

De acordo com a presidente do Sindjorn, Nelly Carlos, a proposta negociada junto à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) é de que o piso salarial passe a R$ 1.500. Ela diz que ainda será pedido auxílio alimentação no valor de R$ 220 para a categoria. Na próxima terça-feira (26), está marcada a segunda rodada de negociações entre o sindicato e os patrões. Nela, os empregadores poderão apresentar contrapropostas para as reivindicações. Nelly Carlos sugeriu que uma comissão de deputados se fizesse presente para acompanhar as discussões.

Para o deputado Fernando Mineiro (PT), este é um momento de “se mostrar solidário com uma categoria que, tendo oportunidade, divulga a luta salarial dos outros trabalhadores”. Ele disse estar atendendo a um pedido do sindicato, mesmo tendo sido evidenciado na audiência que sofreu pressão dos empregadores para não promover o debate.

O jornalista Breno Perruci, secretário do Sindijorn, alegou que esta “não é uma afronta aos nossos patrões”. Segundo ele, trata-se apenas de uma maior valorização dos profissionais, que, em suas palavras, têm vencimentos comparáveis ao de um flanelinha. “De janeiro a julho, verificou-se um crescimento de aproximadamente 30% na economia das empresas de comunicação do Nordeste. Por que isso não reflete em melhores condições de trabalho?”, indaga.

Somado aos baixos salários, a queda do diploma é outro fator que desmotiva os secundaristas a optarem pela formação universitária de jornalismo. O professor de comunicação social da Universidade Potiguar (UnP), Leonardo Nogueira, afirma que não há perspectivas de crescimento profissional nas redações. “Com isso, muitos terminam procurando cargos públicos, desempenhando tarefas que não a de repórter. Há ainda quem desista decididamente da profissão, e opte por uma carreira totalmente diferente”, diz.

Além da desvalorização salarial, pesa a exigência cada vez maior sobre os jornalistas. Em tempos de internet 2.0, é cobrado que eles atuem como profissionais multimídia, estando aptos para desenvolver toda sorte de serviço para diferentes plataformas. O jornalismo é ainda a quarta profissão mais estressante do mundo, com níveis semelhantes aos apresentados, por exemplo, em socorristas.

A despeito do desgaste mental, a remuneração para os graduados é semelhante aquela paga a agentes de saúde que têm o ensino médio como grau de instrução, e recebem na ordem de R$ 800. Em alguns veículos, já foi tentado tirar mesmo os direitos autorais dos jornalistas sobre o conteúdo produzido para a empresa. Ao assinar o contrato, eles deveriam ceder os direitos sobre fotos e textos ao veículo, para que este pudesse fazer uso posterior do material.

Apesar de toda a polêmica levantada, não estiveram presentes na audiência pública nem representantes do patronato nem mesmo do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
 

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