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PSB deve eleger 6 governadores e se tornar nova força nos estados

A disputa do segundo turno nas eleições para governador não terá, no domingo, grandes reviravoltas em relação à primeira rodada de votação, mas deverá confirmar o PSB como o maior vitorioso das corridas estaduais.

Se os institutos errarem menos que na primeira rodada, o PSB deve eleger mais três governadores — na Paraíba, no Piauí e no Amapá. Eles se somariam aos três eleitos em 3 de outubro, sendo dois deles os campeões de voto do primeiro turno: Eduardo Campos (PE), que se reelegeu com 82,8% dos votos válidos, e Renato Casagrande (ES), que obteve 82,3%.

Com seis vitórias, o partido dobraria o número de governadores eleitos em 2006, e se igualaria ao PMDB. Ambos ficariam atrás apenas do PSDB, que deve conquistar sete estados.
No Congresso, apesar de também ter crescido, o PSB permanece como partido médio. Com 34 deputados e três senadores, será o sétimo partido na Câmara e no Senado.
Segundo turno

Entre os oito estados, além do Distrito Federal, que levaram a disputa ao segundo turno, a situação em Goiás é a que mais se aproxima de reviravolta. Marconi Perillo (PSDB), que liderou com folga durante boa parte da campanha e terminou dez pontos percentuais à frente no primeiro turno, está com 48%, tecnicamente empatado com Iris Rezende (PMDB), que tem 44%, segundo o Ibope.

Uma derrota dos tucanos em Goiás abrirá caminho à façanha do PSB. Seria a primeira vez, desde a redemocratização, que um partido de porte médio e de esquerda se igualaria ao trio PMDB-PSDB-DEM. Das 153 eleições de governador realizadas desde 1990, nas 27 unidades da Federação, as três siglas venceram 61%.

O Amapá é o único estado onde as pesquisas eleitorais indicam alteração de posições em relação ao primeiro turno. Lá, o PSB pode obter uma vitória surpreendente com Camilo Capiberibe, graças ao escândalo de corrupção que pôs a cúpula do poder no estado atrás das grades.

PMDB

Se o PSB deve sair das urnas como a principal surpresa nas corridas estaduais, o PMDB é o maior derrotado. Pelo critério de eleitores governados, o partido terá a maior perda de poder. Pela primeira vez, os governadores do PMDB terão sob seu comando menos de 20% do eleitorado nacional. Esse resultado, caso confirmado, fará com que o partido, com 15,4%, ocupe, pela primeira vez, um terceiro lugar no ranking. Ficará atrás do PSDB e pode ser ultrapassado pelo PT, que deve governar 15,7% dos eleitores nos estados. O PSB viria logo em seguida, com 14,76%.

Nas últimas quatro eleições, o PMDB oscilou como um relógio, governando entre 21% e 22% dos eleitores no plano estadual. Foi o seu ponto de equilíbrio depois de governar 37,7%, em 1990, e de se beneficiar do caso extraordinário de 1986, quando, na esteira do Plano Cruzado, o partido elegeu todos os governadores, à exceção do Sergipe (1%), vencido pelo PFL.
Um dos líderes do PMDB, que integra a coordenação da candidatura governista de Dilma Rousseff (PT) à Presidência, o ex-governador do Rio Wellington Moreira Franco minimiza o fraco desempenho do partido nas eleições para governador.

"Eleição tem muito acaso", diz Moreira, ao afirmar que o crescimento do PSB e a desidratação do PMDB decorrem de fatores que "nem sempre acontecem", como o não lançamento pelo partido de um nome à sucessão de Paulo Hartung, no Espírito Santo – o que abriu caminho para Renato Casagrande, do PSB -, e também o não lançamento pelo PT de um candidato do partido à sucessão de Wellington Dias, no Piauí, o que favoreceu, outra vez, o PSB, que pode eleger Wilson Martins, ex-vice de Dias.

Eduardo Campos

O presidente nacional do PSB, o governador reeleito Eduardo Campos, rebate a afirmação de que o partido foi favorecido pela sorte ou pelo acaso.
"
É fruto do reconhecimento do eleitor ao nosso trabalho", disse Campos, durante visita a São Paulo.

Disputas
Curiosamente, PSB e PMDB protagonizam uma disputa direta que simboliza o crescimento de um e o revés do outro partido nestas eleições. Na Paraíba, o PSB pode alcançar sua mais surpreendente vitória. Num crescimento não captado pelas pesquisas, Ricardo Coutinho não só levou a disputa ao segundo turno como ultrapassou o favoritíssimo governador José Maranhão na reta final. Por pouco não o derrotou já na primeira rodada. Fez 49,7% contra 49,3% de Maranhão. Com enorme vantagem para Coutinho, o governador deixou de ir ao debate da TV Globo às vésperas do primeiro turno – o que é apontado como um dos fatores responsáveis por sua queda. A diferença entre os dois agora seria de 12 pontos percentuais.

A ascensão do PSB como nova e grande força partidária nos Estados pode ser facilitada ainda pela competição em Alagoas. Ali, onde ocorre a terceira disputa mais acirrada do segundo turno, o PSDB tem dificuldades, como em Goiás. O governador Teotônio Vilela lidera, mas a diferença para Ronaldo Lessa (PDT) é de apenas 8 pontos percentuais.

Uma eventual troca de posições nas urnas, por outro lado, também pode beneficiar o PSDB a recuperar a posição de líder em estados conquistados, alcançada em 1998 e 2002, mas perdida em 2006 para o PMDB. Na quarta corrida mais apertada, em Roraima, o governador tucano José de Anchieta está no encalço de Neudo Campos (PP) e tenta tirar a vantagem de 9 pontos percentuais apontada pelo Ibope.

No extremo oposto de Goiás, Amapá, Alagoas e Roraima, dois estados têm o segundo turno mais previsível, com uma diferença grande entre os concorrentes. No Pará, Simão Jatene (PSDB) aparece com 54% das preferências contra 36% da petista Ana Julia Carepa. No Distrito Federal, a vantagem de Agnelo Queiroz (PT) para Weslian Roriz (PSC) – que herdou a candidatura após renúncia de seu marido, o ex-governador Joaquim Roriz – é ainda maior e chega a 25 pontos percentuais, segundo o Datafolha (55% a 30%).

Com a vitória no DF, o PT consolidaria sua posição de quarta maior força em número de estados, totalizando cinco governadores, número próximo de PSB, PSDB e PMDB.
Outros três estados formam um grupo intermediário, onde a disputa tem um claro favorito, mas sem a folga excessiva de que desfrutam o tucano Simão Jatene e o petista Agnelo Queiroz. Um deles é Rondônia, onde o pemedebista Confúcio Moura supera o governador João Cahulla (PPS) por 13 pontos.

Os outros dois são liderados por candidatos do PSB. Na Paraíba, Ricardo Coutinho estaria com 52% contra 40% de José Maranhão, e, no Piauí, o governador Wilson Martins está 11 pontos à frente de Silvio Mendes (PSDB).

Com a queda do PMDB, o PSDB amplia seu domínio e pode chegar a governar 47,3% do eleitorado nacional — ou seja, mais do que PT, PMDB e PSB juntos. Seria o melhor desempenho tucano desde 1994, quando alcançou vitórias em seis estados que reuniam 50,8% dos eleitores brasileiros.

Se, no primeiro turno, dos 20 governadores que tentavam a reeleição, nove conseguiram, agora seis perseguem o objetivo, mas apenas dois lideram a disputa: o tucano Teotônio Vilela, em Alagoas, e Wilson Martins (PSB), no Piauí.

Fonte: Valor Econômico