Bahia garante mais de 70% dos votos para Dilma

Cumprindo com a meta estipulada pela coordenação da campanha desde o início do segundo turno, a Bahia ampliou a margem de votos para Dilma Rousseff (PT), que alcançou 70,85% da preferência do eleitorado, contra 29,15% de José Serra (PSDB).

A Bahia e o Nordeste foram destaque na vitória. “O resultado traz muita alegria para todos nós e a certeza de que o Brasil continuará se desenvolvendo e adotando medidas para aprofundar as políticas sociais em favor dos mais pobres”, afirmou o presidente estadual do PCdoB, Daniel Almeida.

Ele atribui esse percentual expressivo à vitória de Jaques Wagner (PT) no primeiro turno, à certeza dos baianos de que o projeto que Dilma representa é o melhor para o estado, e ao próprio contexto de vitória da candidata no Nordeste, onde foi unânime em todos os estados, repetindo o feito do primeiro turno. Dilma ainda venceu em outras duas, das cinco regiões do Brasil, e em 16 das 27 unidades federativas.

Na Bahia, conquistou os principais colégios eleitorais. Derrotada em Vitória da Conquista (55% a 49%), Dilma compensou na capital, onde obteve 73% dos votos ante 26% de Serra. Também se manteve à frente na segunda maior cidade, Feira de Santana, com 59% a 40%; e em Camaçari, na Região Metropolitana, onde venceu com 67% sobre os 32% do tucano. Recortando o mapa baiano, em Juazeiro, ao norte, a candidata do PT ampliou ainda mais essa margem – 75% versus 24% – e na outra ponta, ao sul, em Ilhéus, alcançou 62% contra 37%, enquanto que no extremo oeste, em Barreiras, a diferença foi de 72% a 27%.

“Sem dúvida, é um feito histórico e um dia inesquecível na história do país. As mulheres têm uma jornada muito antiga de tentativa de participação no protagonismo político, e a eleição de Dilma abre uma porta muito larga para que, como a própria presidenta disse, possamos transformar isso em algo comum; porque as mulheres podem”, destacou a deputada federal reeleita, Alice Portugal (PCdoB).

Para a parlamentar, que coordenou a Bancada Feminina na Câmara, a presença de uma mulher no mais alto posto de comando da nação será determinante na discussão e aprovação das políticas de gênero. “Nós teremos que travar debates importantes sobre reformas que serão necessariamente discutidas, como a Tributária e a Política, mas também tratar de aprovar as questões que ficaram estagnadas, como a isonomia salarial entre homens e mulheres, a aposentadoria da empregada doméstica, ampliação da licença maternidade e a própria participação da mulher no Poder Legislativo”, defendeu Alice. Atualmente, a Casa conta com 45 deputadas dentro de um universo de 513 cadeiras; situação que se manterá ao longo dos próximos quatro anos.

Transição e desafios

Além da questão da mulher, a Reforma Política e a Tributária, como bem pontuou Alice, despontam como desafios do mandato de Dilma. “O modelo político brasileiro está esgotado e a eleição dela cria condições para essa reforma, porque, com maioria no Congresso e tendo vontade do presidente, as coisas ficam mais fáceis”, acredita Daniel Almeida. O presidente do PCdoB também defende desonerar a produção e a folha de salários, e fazer uma política de tributação progressiva para evitar que os mais pobres arquem com mais impostos. “Enfim, é dar ênfase ao que Dilma tem insistido em falar: na erradicação da pobreza, tratando isso dentro de um projeto de desenvolvimento que não pode prescindir de uma política ofensiva na área da educação, ciência e tecnologia”, ratificou.

Antes de se pensar em qualquer ação de governo, entretanto, é preciso que se componha esse governo. E a primeira reunião já como presidente eleita aconteceu durante a manhã desta segunda-feira (01/11), em Brasília, junto com coordenadores da campanha e correligionários; mas ainda em caráter informal. A pauta principal era, apenas, definir a agenda da candidata para os próximos dias, o que deve incluir uma viagem para Moçambique, na África, e para Seul, na Coréia do Sul, onde participa com o presidente Lula (PT) de reunião do G-20.

A reunião para dar início efetivo à transição do governo ainda não tem data definida. A expectativa, contudo, é de que não haja grandes entraves. “É uma transição tranqüila, porque será um governo de continuidade. Terá uma marca do perfil de Dilma e o desafio de dar um passo adiante. Mas a partir de uma base bastante sólida, que são os projetos e as ações do Governo Lula”, avalia Daniel Almeida. “Não devemos ter pressa em compor governo, e sim tranqüilidade na discussão dos espaços com cada força política que participou dessa campanha e dessa vitoria. E confiar na sensibilidade e na visão da própria presidente eleita”, completou.

De Salvador,
Camila Jasmin