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Novo líder do PT no Senado define forma de atuação e pauta

Em entrevista à Análise Política, o senador Humberto Costa (PT-PE), que foi escolhido líder do PT no Senado, afirmou que pretende atuar de forma articulada e harmonizada com o Palácio do Planalto, mas com certa independência. Na agenda, as prioridades são as reformas política e tributária, o pré-sal e o financiamento da Saúde.

Costa defende o estreitamento das relações entra a bancada e a área de articulação política do governo. "Queremos ter diálogo permanente e privilegiado com alguns interlocutores da presidenta, para que nós possamos construir de forma harmônica a votação dos projetos, encaminhamento de propostas, a defesa do governo", afirma.

O líder minimiza a crise entre petistas e peemedebistas em função da distribuição de cargos no segundo escalão do governo federal. Afirma que a liderança do governo no Senado está definida, com a recondução de Romero Jucá (PMDB-RR). E pede o direito de a bancada indicar a liderança do Congresso, vaga de menor poder de fogo que a ocupada pelo peemedebista.

Análise Política – Que avaliação o senhor faz da bancada que irá liderar?
Humberto Costa – A expectativa é formar um bloco que envolva vários partidos (PT, PSB, PCdoB, PDT e PRB). A bancada do PT está num clima positivo no sentido de construir relações importantes dentro do Congresso, especialmente com nossos aliados. Em particular, com o PMDB. Estamos procurando substituir um clima de beligerância por clima de diálogo, inclusive envolvendo a oposição. A intenção é que o debate se limite à discussão do que é de interesse do País.

AP – Mas em relação à bancada…
Costa – Acho uma bancada qualificada. Pessoas dotadas de experiência parlamentar e administrativa. Acredito que a nova bancada do PT vai poder contribuir bastante para a governabilidade da presidente Dilma Rousseff e para que o Senado possa melhorar, travando debate em nível mais alto.

AP – Como fica liderança do governo, vice-presidência do Senado, comissões?
Costa – A liderança do governo no Senado já foi definida, permanece, com todo mérito, com o senador Romero Jucá (PMDB-RR). A liderança do governo no Congresso deverá ser ocupada por um senador do PT. Com relação à vice-presidência do Senado, apesar de termos dois nomes apresentados para a disputa (Marta Suplicy e José Pimentel), a expectativa é ter consenso. Se não for possível, vamos resolver democraticamente por voto no dia 27 de
janeiro.

AP – E as comissões?
Costa – Nós tivemos conversa com o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Ele manifestou interesse em o partido ficar com a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Naturalmente, o PT, como fará a segunda escolha, optará pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Temos dois nomes importantes: Eduardo Suplicy e Delcídio Amaral. Também vamos tentar construir uma saída única. Outra possibilidade é a Comissão de Infra-estrutura.

AP – Como pretende atuar em relação ao Palácio do Planalto?
Costa – Nós queremos atuar de forma articulada e harmonizada. Naturalmente, nós não seremos simplesmente uma bancada do "sim, senhor". Mas temos a responsabilidade de garantir governabilidade à presidenta Dilma. Como tal, queremos ter diálogo permanente e privilegiado com alguns interlocutores da presidenta, para que nós possamos construir de forma harmônica a votação dos projetos, encaminhamento de propostas, a defesa do governo. Nós vamos atuar muito sintonizados com a área de articulação política do governo.

AP – Qual a agenda da bancada para o ano?
Costa – Isso será objeto de uma discussão que o próprio governo ainda não fez. Se depender do PT, o tema da reforma política deve voltar com toda intensidade, o tema da reforma tributária com certeza, o debate sobre a necessidade de recursos para a Saúde também deverá estar no meio das nossas preocupações, e o marco regulatório do pré-sal, que precisa ser complementado. Esses quatro temas estarão presentes na elaboração da agenda do Senado.

AP – Em relação à disputa por espaço. Durante o governo do presidente Lula, o PT do Senado teve diversos atritos com a bancada peemedebista. Como será essa relação na avaliação do senhor?
Costa – Acredito que essa relação tende a se acalmar. E o esforço é para caminharmos nessa direção. Não é bom para o governo que sua base esteja em constante conflito. Nós vamos tentar construir, não só com o PMDB, um clima de diálogo permanente. Acredito que nós temos muito mais identidade do que divergências. Nós vamos querer trabalhar exatamente no fortalecimento das identidades. Não há porque não discutir questões fáceis de serem resolvidas em conjunto. Agora mesmo estamos fazendo diálogo sobre a composição da Mesa Diretora. Já conversamos sobre as comissões, queremos discutir sobre a liderança do governo.