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Padre Lódi contra Dilma: o conservadorismo volta sua carga…

O presidente do movimento denominado Pró-Vida, Padre Luiz Carlos Lódi, divulgou nota pela internet atacando o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). O Pró-Vida, sediado em Anápolis, interior de Goiás, é um dos movimentos católicos mais radicais do país contra a descriminalização do aborto.

Por Paulo Daniel, no blog Além da Economia

Entretanto, a maior parte dos itens abordados no último documento refere-se à questão dos homossexuais. “O sonho do governo é transformar a ‘homofobia’ em crime, instaurando o terror sobre a esmagadora maioria dos brasileiros ditos “homofóbicos”.”

Por fim, a nota diz: “desde a ascensão do PT em 2003, por uma campanha ininterrupta e onipresente em favor da corrupção das crianças, da destruição da família e da dessacralização da vida. Para nossa vergonha, é difícil imaginar, em todo o planeta, um governo que mais tenha investido na construção da cultura da morte.”

Na campanha eleitoral à Presidência da República, o padre Lódi fez campanha a favor do candidato José Serra (PSDB), utilizando argumentos do fundador do movimento e arcebispo emérito de Anápolis, d. Manoel Pestana Filho, segundo o qual a eleição do tucano representaria a escolha por um “incêndio limitado”, enquanto Dilma seria a “catástrofe incontrolável”.

O conservadorismo está querendo realizar o 3º turno da eleições, além de querer estabelecer um debate descabido e retrógrado à sociedade brasileira. O que é ser a favor da vida? Ser a favor da vida é não querer ser um único, interlocutor e mensageiro de um determinado Deus. Ser a favor da vida é promover a justiça contra aqueles que molestam e molestaram crianças revelando os seus mais sórdidos e obscuros “desejos”.

Ser a favor da vida é lutar por justiça social em sua plenitude, enfrentando a exploração do homem pelo homem, pois vida é aqui e agora; não em um possível paraíso “vendido” principalmente pela Igreja Católica nos últimos séculos.

A cada dia e meio, o Brasil registra um homicídio por razões homofóbicas. Em 2010, segundo o Relatório Anual realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade de utilidade pública municipal e estadual, 250 homossexuais e travestis foram assassinados no país, em razão de sua orientação sexual. A estatística dá ao país o lugar de campeão mundial neste tipo de crime, seguido pelo México e Estados Unidos. Portanto, quem são os criminosos?

O aborto deve ser considerado não um caso de polícia, mas, sim, de saúde pública e um direito da mulher. Essas discussões têm que sair do rami-rami religioso e teocêntrico e partir para o debate da realidade social que estamos vivendo e inseridos.

O governo da presidenta Dilma e as instituições que se reivindicam progressistas precisam, urgentemente, politizar a sociedade nessas questões, pois não basta apenas aumentar a renda e ter crescimento econômico, com conservadorismo e retrocesso social.

* Paulo Daniel é mestre em Economia Política pela PUC-SP, professor e colunista da CartaCapital