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Banco Central deve elevar taxa de juros com anuência do governo

Em alinhamento com a ortodoxia da equipe econômica, o governo Dilma já admite, em conversas internas, a possibilidade de o Banco Central (BC) aumentar a taxa básica de juros (Selic), na próxima semana, em 0,75 ponto percentual. Segundo o Valor Econômico, o governo diz estar “perdendo a batalha das expectativas inflacionárias” e, por isso, trabalha agora para ganhar credibilidade com o mercado.

Avalia-se, em Brasília, que o BC não conseguirá trazer a inflação em 2011 para a meta oficial, de 4,5%. O objetivo agora é evitar que o IPCA fique acima de 6,5%, o limite máximo do intervalo de tolerância do regime de metas, e que caia abaixo de 5,5% ou 5% em 2012. O plano é chegar a dezembro deste ano com os agentes econômicos acreditando que, no próximo ano, a inflação cederá a níveis próximos da meta.

O IPCA, segundo estimativa média do mercado captada pelo Boletim Focus, chegará a 5,79% em 2011 e 4,78% em 2012. Quando se consideram as projeções das cinco instituições financeiras que mais acertam as previsões, a inflação atingirá 6,45% e 5,21%, respectivamente. As expectativas têm piorado de forma consecutiva há 11 semanas. No ano passado, o IPCA foi a 5,9%.

Diante desse quadro, o governo quer dar um choque de credibilidade à sua política econômica. Depois de anunciar corte de R$ 50 bilhões no Orçamento Geral da União deste ano e de aprovar na Câmara dos Deputados e no Senado o salário mínimo de exíguos R$ 545, o governo decidiu divulgar, antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que começa terça-feira e termina na quarta, o detalhamento dos cortes.

O Palácio do Planalto admite que o mero anúncio do corte orçamentário, feito há duas semanas, não ajudou a melhorar as expectativas do mercado, que continuam a pressionar Dilma. Nesse tratamento de choque contra a inflação, o governo avalia que o Copom pode elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, e não em 0,5 ponto, como se previa antes, inclusive no mercado.

A decisão depende da diretoria do Banco Central. O Palácio do Planalto nada fará para interferir, mas já se sabe que o Copom pode acelerar a alta dos juros agora e, mais adiante, se obtiver resultados positivos no front inflacionário, encurtar o ciclo de aperto monetário.

O que o governo pretende deixar claro agora é que a presidente Dilma Rousseff dará prioridade total, em seu primeiro ano de gestão, ao combate à inflação. Para atingir o objetivo, usará todos os instrumentos possíveis, inclusive, a adoção de novas medidas macroprudenciais, com reflexos na contenção da demanda agregada.

Da Redação, com informações do Valor Econômico