Prefeito de Campinas depõe na Câmara Municipal

O prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) depôs, na manhã de hoje (29/06), na Comissão Processante (CP), instalada na Câmara Municipal para apurar seu envolvimento em suposto esquema de fraudes em licitações denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE). As denúncias envolvem empresários e membros do primeiro escalão do governo – entre eles, a primeira dama e ex-chefe de gabinete, Rosely Nassim, e o vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT).

Na abertura, Hélio lembrou que seu nome não é citado em nenhum momento nas investigações do MPE, o que – para ele – é um comprovante de sua austeridade na condução do Executivo municipal. Hélio afirma que a Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.), alvo das acusações do MPE, é uma empresa independente e que nunca chegou ao seu conhecimento existência de nenhuma irregularidade na empresa. Porém, durante os questionamentos, o prefeito afirmou ter ouvido boatos sobre fitas de áudio com gravações que indicariam problemas na empresa, mas afirmou que se negou a determinar investigações com base em boatos.

Hélio rebateu todas as ações que lhe são atribuídas, de interferir na gestão da Sanasa – em especial nas licitações promovidas pela empresa –, na autorização para instalação de antenas de transmissão de sinais de celulares e na liberação de alvarás para empreendimentos imobiliários. O prefeito também elencou uma série de ações e trabalhos realizados na cidade em seus dois mandatos. Ele defendeu a esposa, Rosely Nassim, uma das principais acusadas de participação no suposto esquema. Garantiu que sua defesa demonstrará a inocência da primeira-dama.

O vereador Artur Orsi (PSDB), autor do requerimento que levou à instalação da CP, afirmou que sua instalação é um processo político-administrativo que visa apurar a conduta do prefeito nos aspectos moral, de caráter e decoro. Suas perguntas buscaram apurar o envolvimento do prefeito em vários aspectos da administração. Quis saber, por exemplo, quais os critérios nas indicações de cargos, qual o relacionamento de cumplicidade com a esposa e quantas vezes se reunia com ela e com os demais secretários de governo. Hélio afirmou que o critério em todas as indicações é tanto político quanto técnico, que a cumplicidade com a esposa é em termos de carinho, respeito e afeto, e que as reuniões eram mensais, mas em alguns casos, semanais. Perguntado por que não exonerou a primeira dama do cargo de chefe de gabinete assim que soube das denúncias, o prefeito disse que a presunção da inocência é um direito e que ele não faz prejulgamentos. Ele também afirmou que o MPE está investigando uma série de outras prefeituras e também o governo do Estado. Disse que tomou todas as providências no âmbito de sua competência e que muitas responsabilidades são atribuições dos secretários e diretores.

Ao final de seu depoimento, Hélio reiterou acreditar na inocência das pessoas que estão sob investigação, e deu os parabéns ao presidente da CP, Rafa Zimbaldi (PP), pela maneira como os trabalhos estão sendo conduzidos. Além de Zimbaldi, a CP é composta pelos vereadores Sebastião Santos (PMDB) e Zé do Gelo (PV). A imprensa não tem acesso à sala da Presidência, onde estão sendo prestados os depoimentos, mas a TV Câmara está transmitindo as perguntas e respostas ao vivo.

De Campinas,
Agildo Nogueira Junior