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Após gastar R$ 160 mi, SP desiste de limpeza do rio Pinheiros

Após dez anos de investimentos públicos que chegaram a R$ 160 milhões, o governo paulista desistiu do plano de limpar o rio Pinheiros pelo método de flotação. A idéia inicial era levar parte da água despoluída para a represa Billings, o maior reservatório da Grande São Paulo.

limpeza Pinheiros - Apu Gomes/Folhapress

O sistema encampado em 2001 pela gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) consiste em reunir a sujeira em flocos na superfície da água para posterior remoção. No Pinheiros, o método se mostrou ineficiente e caro.

A continuidade do projeto exigiria novos investimentos sem certeza de êxito, diz o governo paulista — ainda comandado por Alckmin. Em 2001, a aposta de tentar limpar a água de um rio do porte do Pinheiros, com 25 km, via flotação foi considerada inédita, mas recebeu diversas críticas.

Ainda no lançamento do plano, especialistas alertavam para o risco de fracasso. "A flotação foi um erro. A poluição do Pinheiros é de esgoto doméstico. O conceito [de flotação] era deixar o cocô e o xixi viajar pelo rio, causar um monte de doenças, para depois coletar os resíduos. Tem que tratar o esgoto", diz Ildo Sauer, professor da USP, crítico do plano desde 2001.

Mesmo assim, o governo do estado manteve a defesa firme do método durante os últimos dez anos. Em busca de alternativas, o secretário de Energia, José Aníbal diz que até o fim de outubro o governo receberá novas propostas para a continuidade da limpeza do Pinheiros.

Ineficiência

O Ministério Público soube da desistência em maio. Em um acordo na Justiça em 2007, o estado aceitou testar a flotação em um trecho menor do Pinheiros e submetê-lo à Promotoria. A execução no rio todo, projeto de R$ 350 milhões, ficou condicionada ao aval dos promotores.

Os últimos testes, concluídos em 2010, mostraram que a flotação não barrava o nitrogênio amoniacal, um indicador de esgoto na água, e gerava grande volume de lodo.

Na ocasião, o governo disse que trabalhava para a flotação ser mais eficaz. Um canal foi construído para mais testes, mas nunca foi usado. Dos R$ 160 milhões, metade saiu da Petrobras e a outra parte do estado. A estatal federal bancou o início do projeto e o deixou em 2007, ao saber de novos gastos. O estado agora terá que custear ainda a retirada dos aparelhos da flotação do rio Pinheiros e o transporte do lodo.

Fonte: Folha de S.Paulo