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Novo disco de Maria Rita não causa muitas surpresas

Maria Rita tem oito anos de carreira profissional (contando a partir do disco de estréia, de 2003), das mais bem-sucedidas nos últimos tempos na música popular brasileira. Pelos seus três discos anteriores (mais um DVD), recebeu oito prêmios (seis Grammy latino, e dois Multishow). É natural a expectativa em torno de um disco novo da cantora.

Por José Teles, em Jornal do Commercio

Elo (Warner Music), que ela lança esta semana, acaba com expectativas, mas não causa muita surpresa. O repertório foi escolhido pela cantora, conforme ela explica, em release distribuído pela assessoria (entrevista só por e-mail, limitadas a cinco questões, no máximo): “Canções que há muito não cantava, canções que vivia cantarolando pela casa, canções inéditas que não entraram noutros discos, encomendas de amigos”.

A escolha do repertório não foi feita para o disco, mas um show, que montou, logo em seguida à turnê do álbum Samba meu, em maio de 2010. Ela pretendia terminar a turnê, e se desplugar. Passar pelo menos seis meses longe de palcos e estúdio. Mas aceitou uma pequena temporada na Europa.

Convocou Tiago Costa (piano e teclados), Sylvinho Mazzucca (baixo acústico) e Cuca Teixeira (bateria). Na volta, decidiu oferecer o show a uma casa pequena, em São Paulo, de 180 a 200 lugares. O que era para ser quatro semanas, acabou em quatro meses, e desaguou numa turnê nacional: “Esse disco, Elo, vem para fechar esse ciclo. Vem para atender aos pedidos carinhosos de fãs que pediam um registro qualquer que fosse desse show”.

Elo é o disco mais low profile de Maria Rita. Com um repertório eclético, mas resumindo-se a ela e sua banda, e músicas de que gosto bem particular. Nem um dia, de Djavan, por exemplo, entrou a pedido de um “amigo querido”. Coração em desalinho, de Monarco e Ratinho, foi, inicialmente, uma encomenda para uma novela global de Gilberto Braga.

Cada música acrescentada foi selecionada segundo critérios bem peculiares. Conceição dos coqueiros, de Lula Queiroga, Lulu Oliveira, e Alexandre Bicudo, é uma canção que Maria Rita conta que descobriu quando voltou ao Brasil (do álbum de Lula Queiroga, Azul invisível vermelho cruel, de 2004): “No entanto, foi durante a turnê Samba meu, em algum vôo pelo país, que algo bateu enquanto a escutava. Senti uma emoção indescritível, com direito a nó na garganta e tudo. Ali, há uns três anos, surgia o sonho de tê-la comigo.Foi a primeira a entrar no show”, conta a cantora no encarte do disco.

A segunda a entrar disco, foi Santana assinada por mais dois pernambucanos, Junio Barreto e João “Cello” Araújo, que ela cantava desde a fase de pre-produção do disco Segundo. Na Internet encontra-se uma versão cantada por ela, Lenine e Junio Barreto, num apresentação do extinto projeto Palco PE, em São Paulo, em 2005.

Maria Rita naturalmente gravou seu autor predileto, Marcelo Camelo, que assina A outra. O disco vai assim construindo-se na maciota. Maria Rita gravou Rita Lee e Roberto Carvalho, Só de você, Caetano Veloso, Menino do Rio, e Chico Buarque e Edu Lobo, A história de Lilly Brown. Em todas as faixas ela continua a ótima cantora, que, no entanto, deve ainda ao seu público uma interpretação marcante de uma canção, com a qual ela seja imediatamente identificada.