Novo disco de Maria Rita não causa muitas surpresas
Maria Rita tem oito anos de carreira profissional (contando a partir do disco de estréia, de 2003), das mais bem-sucedidas nos últimos tempos na música popular brasileira. Pelos seus três discos anteriores (mais um DVD), recebeu oito prêmios (seis Grammy latino, e dois Multishow). É natural a expectativa em torno de um disco novo da cantora.
Por José Teles, em Jornal do Commercio
Publicado 30/09/2011 17:49

Elo (Warner Music), que ela lança esta semana, acaba com expectativas, mas não causa muita surpresa. O repertório foi escolhido pela cantora, conforme ela explica, em release distribuído pela assessoria (entrevista só por e-mail, limitadas a cinco questões, no máximo): “Canções que há muito não cantava, canções que vivia cantarolando pela casa, canções inéditas que não entraram noutros discos, encomendas de amigos”.
A escolha do repertório não foi feita para o disco, mas um show, que montou, logo em seguida à turnê do álbum Samba meu, em maio de 2010. Ela pretendia terminar a turnê, e se desplugar. Passar pelo menos seis meses longe de palcos e estúdio. Mas aceitou uma pequena temporada na Europa.
Convocou Tiago Costa (piano e teclados), Sylvinho Mazzucca (baixo acústico) e Cuca Teixeira (bateria). Na volta, decidiu oferecer o show a uma casa pequena, em São Paulo, de 180 a 200 lugares. O que era para ser quatro semanas, acabou em quatro meses, e desaguou numa turnê nacional: “Esse disco, Elo, vem para fechar esse ciclo. Vem para atender aos pedidos carinhosos de fãs que pediam um registro qualquer que fosse desse show”.
Elo é o disco mais low profile de Maria Rita. Com um repertório eclético, mas resumindo-se a ela e sua banda, e músicas de que gosto bem particular. Nem um dia, de Djavan, por exemplo, entrou a pedido de um “amigo querido”. Coração em desalinho, de Monarco e Ratinho, foi, inicialmente, uma encomenda para uma novela global de Gilberto Braga.
Cada música acrescentada foi selecionada segundo critérios bem peculiares. Conceição dos coqueiros, de Lula Queiroga, Lulu Oliveira, e Alexandre Bicudo, é uma canção que Maria Rita conta que descobriu quando voltou ao Brasil (do álbum de Lula Queiroga, Azul invisível vermelho cruel, de 2004): “No entanto, foi durante a turnê Samba meu, em algum vôo pelo país, que algo bateu enquanto a escutava. Senti uma emoção indescritível, com direito a nó na garganta e tudo. Ali, há uns três anos, surgia o sonho de tê-la comigo.Foi a primeira a entrar no show”, conta a cantora no encarte do disco.
A segunda a entrar disco, foi Santana assinada por mais dois pernambucanos, Junio Barreto e João “Cello” Araújo, que ela cantava desde a fase de pre-produção do disco Segundo. Na Internet encontra-se uma versão cantada por ela, Lenine e Junio Barreto, num apresentação do extinto projeto Palco PE, em São Paulo, em 2005.
Maria Rita naturalmente gravou seu autor predileto, Marcelo Camelo, que assina A outra. O disco vai assim construindo-se na maciota. Maria Rita gravou Rita Lee e Roberto Carvalho, Só de você, Caetano Veloso, Menino do Rio, e Chico Buarque e Edu Lobo, A história de Lilly Brown. Em todas as faixas ela continua a ótima cantora, que, no entanto, deve ainda ao seu público uma interpretação marcante de uma canção, com a qual ela seja imediatamente identificada.