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Esquerda na Espanha pede voto aos iludidos pelo PSOE

A coalizão espanhola Esquerda Unida (EU) iniciou nesta sexta-feira (4) sua campanha para as eleições gerais do próximo dia 20 de novembro, com o olhar nos desencantados com a guinada para a direita do PSOE.

Depois do início da campanha, à zero hora de hoje, o coordenador federal da EU, Cayo Lara, pediu o voto aos decepcionados com as medidas de ajuste empreendidas pelo governista Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).

Lara criticou o executivo de José Luis Rodríguez Zapatero pela cumplicidade do governante com a direita financeira e lamentou que não tenha adotado nenhuma proposta das apresentadas por seu agrupamento para buscar uma saída social à crise.

Centrado na grave situação econômica da Espanha, com quase cinco milhões de desempregados, o candidato pela Esquerda Unida à presidência do Governo afirmou que tudo que foi contado com relação à crise é uma imensa mentira.

Na sua opinião, os cortes sociais aplicados em meados de 2010 pelos "socialistas" só têm servido para que os especuladores ganhem mais e sejam pagos mais juros pela dívida pública.

"Tem gerado mais crise e mais desemprego", observou o líder da terceira força política em votos, em alusão ao plano de "austeridade" de Rodríguez Zapatero para reduzir o déficit fiscal e aplacar os mercados financeiros.

O representante da EU foi particularmente crítico com o candidato ao Palácio de La Moncloa (sede do poder central) pelo PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba, a quem definiu como o vice-presidente dos cinco milhões de desempregados.

Dessa maneira, referiu-se à responsabilidade que Pérez Rubalcaba tem no aumento do desemprego, ao ocupar até pouco tempo atrás a primeira vice-presidência da atual administração social-democrata.

Sobre o conservador Partido Popular (PP), ao qual todas as pesquisas apontam como vitorioso nas próximas eleições, Lara denunciou seu alinhamento pleno com os interesses da classe dominante e abastada.

Para o líder da coalizão de esquerda, a crise é do sistema capitalista.

"Hoje afirmamos sem complexos que o capitalismo é incompatível com a democracia", sentenciou o dirigente, que disse representar uma força política que "conhece a realidade de primeira mão e tem os pés no chão, sem renunciar à utopia".

Campanha tem início

A campanha para as eleições gerais da Espanha começou nesta sexta-feira, com a promessa dos principais candidatos de tirar o país da crise econômica e frear o crescente desemprego.

A contagem regressiva para a ida às urnas, iniciada à zero hora desta sexta-feira, acontece a poucas horas da divulgação dos dados do desemprego correspondentes a outubro, que revelarão mais uma vez a destruição de mais postos de trabalho.

Pelo terceiro mês consecutivo, o número de desempregados na Espanha aumentou em 134.182 pessoas, totalizando 4.360.926, revelou quinta (3) o Ministério de Trabalho e Imigração.

O total, contudo, é inferior ao publicado na última sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que estabeleceu em 4.978.300 de desempregados no país no terceiro trimestre.

Dessa maneira, o desemprego atinge 21,52% da população economicamente ativa, a taxa mais elevada da União Europeia e dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

Analistas políticos espanhóis consideram que o tema do desemprego ocupará a parte principal das campanhas de todas as forças políticas, principalmente das duas maiores forças do país, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de cunho social-democrata no poder e o oposicionista de direita Partido Popular (PP).

Ainda que por caminhos diferentes, o candidato à presidência do Governo pelo PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba, e seu adversário pelo PP, Mariano Rajoy, estabeleceram como objetivo tirar a Espanha da grave crise econômica que atravessa.

Os socialistas, que desde 2010 vêm aplicando uma receita direitista com cortes severos de programas sociais propõem como saída à crise um novo imposto às grandes fortunas e estímulos para que as empresas criem novos empregos.

O direitista Rajoy, que as pesquisas apontam como o próximo presidente do governo após de duas tentativas frustradas (2004 e 2008), prometeu em seu projeto, qualificado de ambíguo por analistas, "baixar os impostos", apoiar "os empreendedores" e "reformar o mercado" trabalhista.

Da mesma forma que aconteceu nas últimas eleições regionais, realizadas em maio, as pesquisas apontam amplo repúdio ao PSOE, pelo política de cortes em programas sociais para reduzir o déficit público e aplacar os mercados financeiros.

Caso confirme-se essa tendência, a partir de 20 de novembro o mapa político espanhol será dominado pelo PP, que desde maio administra a maioria das 17 comunidades autônomas espanholas.

Na opinião de observadores, o gerenciamento errado da crise e a virada política para a direita do atual chefe do Executivo espanhol, o "socialista" José Luis Rodríguez Zapatero, abriram o caminho de Rajoy ao Palácio da Moncloa (sede do poder central).

Até agora, sua estratégia tem sido manter um perfil baixo e deixar que os dados econômicos e o mal-estar social façam o resto do trabalho e passem fatura ao PSOE.

Quase 36 milhões de espanhóis estão convocados às urnas para elegerem 350 deputados e 208 senadores entre uma vintena de agrupamentos nacionais e autonômicos.

Com informações da Prensa Latina

Com informações da Prensa Latina