Depoimento de testemunha-chave envolve prefeito de Campinas

A Comissão Processante (CP), instalada na Câmara de Campinas para apurar o envolvimento do prefeito Demétrio Vilagra (PT) em denúncias de corrupção na Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.), acabou de ouvir Luiz Augusto Castrillon de Aquino – ex-presidente da empresa. Aquino é uma testemunha chave, pois foram suas delações premiadas, feitas ao Ministério Público (MP), que desencadearam a crise em Campinas.

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Respondendo às questões, afirmou que as informações que obteve após seu afastamento da empresa surgiram de conversas com outros envolvidos. Nesse aspecto, a principal acusação que fez ao prefeito foi-lhe transmitida pelo empresário Augusto Antunes, da empresa Global, que afirmou em 2010, que assim que saiu da Sanasa o diretor da empresa, Aurélio Cance Junior, procurou seu pai, Alfredo Antunes, o levou ao paço municipal e o apresentou a Demétrio afirmando que a partir daquele momento (2008), ele seria o responsável por receber os repasses.

Ele também afirmou que foi procurado recentemente pelo jornalista Ângelo Barione, a pedido do diretor comercial da Sanasa, Silvio Marques, com a informação que Demétrio queria reunir-se com ele. Mas, que tal reunião não aconteceu.

No início de sua apresentação, Aquino falou de um problema que teve com a ex-primeira dama, Rosely Nassin, por conta de um empréstimo pessoal feito a ela, mas que estava com dificuldades para receber. Ele negou-se a dizer o valor emprestado e a origem do dinheiro. Afirmou, ao fim, que tal empréstimo tinha caráter pessoal e nenhuma relação com as investigações.

Questionado pelo vereador Terrazan (PSDB), autor do requerimento de instalação da CP, sobre quando começou o suposto esquema de corrupção na Sanasa, disse que isso estava na delação feita ao MP e que tomaria muito tempo reproduzi-lo para a CP. A primeira delação ocorreu em janeiro de 2011 e a segunda em abril. Ele afirmou que sempre deixou claro que não tem provas das delações, mas tem conhecimento por participar do suposto esquema, e que o nome de Demétrio só aparece na segunda delação.

Sobre a participação de Demétrio quando ele, Aquino, operava o suposto esquema, a testemunha foi clara. Disse que Demétrio não recebeu nenhum dinheiro, não participou de nennhuma reunião de arrecadação ou distribuição e tampouco pediu para participar do possível esquema.

Aquino também eliminou a possibilidade dos empresários estarem sendo coagidos a participar do esquema. Ele foi taxativo ao afirmar que “não houve coação, todos eram partícipes”. Ele reiterou que, enquanto operou o esquema que denuncia, as empresas que faziam repasses eram a Lhotus, Global, Puriserv, Infratec e Hidrax.

Aquino afirmou que sua delação foi motivada por uma fita gravada por dois lobistas envolvidos na denúncia, Manduca e Emerson, que o envolviam no possível esquema. Segundo ele, sua delação ao MP foi para estabelecer a devida responsabilidade dos demais envolvidos.

A Câmara reabriu os trabalhos. Nenhuma testemunha da acusação compareceu para depor. Nesse momento será ouvida a testemunha de defesa, o advogado Nilson Lucilio – atual Chefe de Gabinete do Prefeito.

De Campinas,
Texto de Agildo Nogueira Junior, foto: Assessoria de Imprensa da Câmara.