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Peru: Manifestações barram projetos brasileiros e estadunidenses

Após seis dias de intensos protestos na cidade de Cajamarca, no norte do Peru, o projeto Conga, que é desenvolvido, na região montanhosa do país, foi suspenso pela mineradora Yanacocha, controlada pela empresa estadunidense Newmont. O projeto prevê a extração de ouro na região.

Manifestações Peru - La República

Os manifestantes, que bloquearam as entradas e saídas da cidade, denunciam que, nos 20 anos em que a mineira está em Cajamarca, a população sofre com a contaminação da água e com a irresponsabilidade social das empresas, além da destruição das lagoas termais, que ajudam a controlar o clima da região.

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A empresa emitiu um comunicado informando a suspensão do projeto, avaliado em 4,8 bilhões de dólares. “Yanacocha informa que frente à exigência do Supremo Governo e a fim de que seja restabelecida a tranqüilidade e a paz social em Cajamarca, foi suspensa as atividades do projeto”, como informa comunicado da empresa. O texto acrescenta que “as condições para um diálogo frutífero em busca de uma solução em torno do projeto Conga revelaram-se limitadas”.
 

De acordo com o Ministério do Interior, oito pessoas ficaram feridas nos protestos. No entanto, as autoridades regionais de saúde comunicaram que foram contabilizadas 18 pessoas machucadas, cinco delas com feridas à bala.

Projetos brasileiros

A mobilização de povos indígenas peruanos também está impedindo a construção de usinas hidrelétricas, que seriam erguidas por construtoras brasileiras — Eletrobras, Odebrecht, Engevix e Andrade Gutierrez — e cujo excedente energético seria exportado ao Brasil. A informação foi divulgada nesta quarta-feira pelo jornal Valor Econômico com base em declarações de “uma do governo brasileiro familiarizada com o tema”.

De acordo com o jornal, os empreendimentos enfrentam forte oposição no país e uma repercussão negativa na mídia peruana por alagarem reservas nacionais e provocarem o deslocamento de povos nativos.

As cinco centrais hidrelétricas fazem parte de um acordo entre os dois países. Empreiteiras brasileiras e a Eletrobras construiriam e operariam as usinas no país vizinho, gerando um total estimado em cerca de 6.000 MW.

Ainda de acordo com a publicação, das cinco usinas previstas, apenas uma deve se concretizar: a hidrelétrica de Inambari, cujas obras serão tocadas pela construtora brasileira OAS. Esse é o único dos cinco projetos que conseguiu ultrapassar a etapa de estudos de pré-viabilidade, já tem técnicos em campo e uma previsão de custo – em torno de US$ 4,9 bilhões, segundo Agusto César Uzêda, diretor da Área Internacional da OAS.

Com informações da Telesur e do Valor Econômico