Peru: Manifestações barram projetos brasileiros e estadunidenses
Após seis dias de intensos protestos na cidade de Cajamarca, no norte do Peru, o projeto Conga, que é desenvolvido, na região montanhosa do país, foi suspenso pela mineradora Yanacocha, controlada pela empresa estadunidense Newmont. O projeto prevê a extração de ouro na região.
Publicado 30/11/2011 09:17

Os manifestantes, que bloquearam as entradas e saídas da cidade, denunciam que, nos 20 anos em que a mineira está em Cajamarca, a população sofre com a contaminação da água e com a irresponsabilidade social das empresas, além da destruição das lagoas termais, que ajudam a controlar o clima da região.
De acordo com o Ministério do Interior, oito pessoas ficaram feridas nos protestos. No entanto, as autoridades regionais de saúde comunicaram que foram contabilizadas 18 pessoas machucadas, cinco delas com feridas à bala.
Projetos brasileiros
A mobilização de povos indígenas peruanos também está impedindo a construção de usinas hidrelétricas, que seriam erguidas por construtoras brasileiras — Eletrobras, Odebrecht, Engevix e Andrade Gutierrez — e cujo excedente energético seria exportado ao Brasil. A informação foi divulgada nesta quarta-feira pelo jornal Valor Econômico com base em declarações de “uma do governo brasileiro familiarizada com o tema”.
De acordo com o jornal, os empreendimentos enfrentam forte oposição no país e uma repercussão negativa na mídia peruana por alagarem reservas nacionais e provocarem o deslocamento de povos nativos.
As cinco centrais hidrelétricas fazem parte de um acordo entre os dois países. Empreiteiras brasileiras e a Eletrobras construiriam e operariam as usinas no país vizinho, gerando um total estimado em cerca de 6.000 MW.
Ainda de acordo com a publicação, das cinco usinas previstas, apenas uma deve se concretizar: a hidrelétrica de Inambari, cujas obras serão tocadas pela construtora brasileira OAS. Esse é o único dos cinco projetos que conseguiu ultrapassar a etapa de estudos de pré-viabilidade, já tem técnicos em campo e uma previsão de custo – em torno de US$ 4,9 bilhões, segundo Agusto César Uzêda, diretor da Área Internacional da OAS.
Com informações da Telesur e do Valor Econômico