Luciano defende unidade da Frente Popular do Recife

Considerado o mais fiel aliado na Frente Popular do Recife, há um ano o PCdoB não conversa sobre política com o prefeito João da Costa (PT). A última conversa política aconteceu em janeiro de 2011, após a primeira revisão do transplante de rim, realizado em São Paulo, quando reassumiu o cargo.

De lá para cá, apesar dos pedidos de audiência do PCdoB, a relação tem sido exclusivamente administrativa, via Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico e a Autarquia de Saneamento do Recife (Sanear), ocupadas por comunistas.

"O diálogo é administrativo. O diálogo político não tem. Faz um ano que não há uma conversa oficial do PCdoB com João da Costa. Já solicitamos algumas vezes, o prefeito se comprometeu, mas nunca teve espaço na agenda para retomarmos a conversa. Acredito que ocorra o mesmo com os demais partidos (da Frente Popular)", admite o ex-vice-prefeito do Recife e deputado estadual comunista, Luciano Siqueira.

Optando por minimizar a indiferença, o principal dirigente do PCdoB assegura que não há insegurança nem inquietação no partido, mas avisa que os comunistas do B estão preparados para participar das eleições municipais, "tanto em unidade com o candidato do PT quanto com outra hipótese". Se a candidatura própria não está sendo discutida, também não está descartada uma coligação com outros partidos da Frente Popular.

"Na hipótese de uma dispersão na Frente, se outros partidos convidarem o PCdoB a indicar um nome (para a vice), não rejeitaríamos", garante Luciano, com a ressalva de que a hipótese não está colocada. No entanto, o PCdoB admite que a maioria dos partidos da Frente acompanha com apreensão as incertezas do PT. "Não há sintonia quanto ao tempo hábil para indicar o nome. O PT está considerando junho (das convenções) como tempo hábil para conseguir a sua unidade e apresentar o nome para a Frente. O prefeito se coloca, mas outras lideranças (do PT) cogitam outro nome", critica.

Outros nomes

Devido à indefinição no PT, o PCdoB considera legítimo, segundo o deputado, que outros partidos da Frente, "até por precaução", levantem outras candidaturas dentro da aliança. "Não há certeza de que João da Costa será indicado, não se tem o interesse do prefeito em conversar com os demais partidos e há outros nomes cogitados, como o deputado federal Paulo Rubem (PDT), que já se colocou, e o do ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional, PSB)", diz.

A esperança dos comunistas do B, revela Luciano, é que os partidos sentem-se à mesa após o Carnaval. "A questão é que desde outubro passado as hipóteses se colocam e o PT, que tem a hegemonia na Frente e se apresenta com a possibilidade de unidade, até agora não conseguiu se unir. Para a Frente, é importante o PT estar unido, mas igualmente é importante que esteja com um nome competitivo", alerta.

Apesar de já ter conversado sobre as eleições 2012 com os principais dirigentes do PT estadual, o senador Humberto Costa, o deputado federal João Paulo e o deputado federal e presidente petista, Pedro Eugênio, o deputado comunista revela, porém, que o PCdoB não reclamou nem está cobrando a retomada do diálogo com João da Costa e que a sigla respeita o tempo político do atual prefeito.

"É uma questão de concepção de estilo. É possível que ele (o prefeito) prefira conversar (com os aliados) depois de resolvida a situação interna no PT. É possível que, do ponto de vista dele, não tenha sentido a necessidade de conversar com os partidos que o apoiam. Não nos sentimos excluídos de nada. João Paulo tinha e a presidente Dilma (Rousseff, PT) e o governador Eduardo Campos (PSB) têm um diálogo muito aberto com o PCdoB. Então, é uma concepção de estilo do prefeito. Agora, nós achamos ser importante um diálogo mais constante com os aliados", manda sutilmente o recado.

Fonte: Jornal do Commercio / Ayrton Maciel – 15/01/2011