Militantes de várias gerações celebram o PCdoB na Alesp

Várias gerações de militantes comunistas se encontraram, nesta última sexta-feira (30), na sessão solene convocada pela Assembleia Legislativa de São Paulo em homenagem aos 90 anos do PCdoB. Conduzida pela deputada Leci Brandão, a mesa da solenidade contou com representantes de outras legendas, ex-deputados estaduais do Partido, dirigentes políticos e representantes de movimentos sociais.

Coube a Jooji Hato, parlamentar do PMDB, abrir os trabalhos e saudar a agremiação política mais antiga do país. Compuseram a mesa ainda Walter Sorrentino, secretário nacional de Organização, Nádia Campeão, presidente do PCdoB-SP, Wander Geraldo, presidente do comitê paulistano, o ex-ministro Orlando Silva, o vereador Jamil Murad, os ex-deputados estaduais Nivaldo Santana, Ana Martins e Dênis Carvalho, Cidão, representando o Partido dos Trabalhadores, além de Carlos Eduardo Siqueira (UJS), Mara José Lia (Facesp), Nicoly Mendes (Upes), Rozina Conceição (UBM) e Rosa Anacleto (Unegro).

Leci Brandão lembrou um dos períodos mais férteis da história do Partido, em meados dos anos 40, quando a influência dos comunistas alcançou amplas massas, repercutindo o combate ao nazi-fascismo. Nesse período, os comunistas chegaram a formar uma bancada de 11 deputados na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Representando os movimentos sociais, a militante da UJS Renata Rosa, neta do recém-falecido deputado José Cândido, dedicou sua fala às gerações anteriores, garantidoras da existência do Partido em diversos momentos. “Quero citar Astrojildo Pereira e, em seu nome, saudar os fundadores do nosso partido. Quero citar Carlos Prestes e, em seu nome, saudar todos os parlamentares e candidatos por nossa legenda ao longo destas nove décadas. Quero citar Pedro Pomar e em seu nome saudar os camaradas da Lapa e todos os que morreram na luta pela democracia e pelo socialismo. Quero citar João Amazonas, e em seu nome saudar a todos que dedicaram vidas inteiras para a construção diária do nosso Partido. Quero citar Helenira Rezende e Antônio Ribas e, através deles, saudar os camaradas da Guerrilha do Araguaia e todos os jovens combatentes que estiveram e estão presentes nas fileiras do nosso Partido”, discursou emocionada.

A presidente estadual Nádia Campeão destacou que o momento é de expandir o PCdoB, melhor demonstração de compromisso militante. “A maior homenagem é fazer nosso Partido uma grande força política, atuante em todos os movimentos. Essa construção imaterial e histórica que é nosso Partido nos trouxe a bandeira da esperança, nos ensinou a ter sonhos e os sonhos não envelhecem. O segredo da juventude é a sucessão de gerações de comunistas que têm compromisso com a luta do povo e dos trabalhadores brasileiros”, afirmou Nádia.

Dyneas Aguiar, dirigente histórico com 60 anos de militância no PCdoB, falou sobre acontecimentos determinantes na vida do Partido que tiveram lugar na cidade de São Paulo, a reorganização em 1962 e a Chacina da Lapa, em 1976. Para o veterano combatente, a reorganização revitalizou e garantiu o rumo revolucionário da agremiação. “A vida comprovou a justeza do momento histórico e hoje chegamos a 90 anos como partido revolucionário e renovado”.

A Chacina da Lapa foi relembrada como um dos momentos mais difíceis dos 90 anos de história. “Foi um momento de dor, só possível pela traição de um dirigente. Camaradas foram mortos e presos. Existiu o risco de destruição do Partido, mas graças à coragem dos companheiros presos, foi possível preservá-lo”, disse Dyneas, lembrando ainda que alguns dirigentes, entre eles João Amazonas, não foram mortos ou presos porque estavam no exterior, no congresso do Partido do Trabalho da Albânia, e na volta se lançaram no trabalho da reestruturação partidária.

Walter Sorrentino abordou a capacidade de reelaboração teórica do PCdoB, aprendendo com os fatos do passado e projetando o futuro, sem abrir mão do norte socialista. “O legado mais elevado foi a capacidade de atualizar o projeto para os dias atuais, através do Programa Socialista. Sem 1922 e a influência ganha em 1945 não estaríamos aqui, mas sem a reorganização também não. Quando caiu o Socialismo, o 8º Congresso extraiu lições da derrota, mas manteve o ideal socialista. Não os renegou, mas os renovou”, concluiu lembrando diversas passagens que exigiram firmeza de princípios e flexibilidade tática dos comunistas.

A sessão solene também teve momentos culturais, com a apresentação do coral dos trabalhadores da Cetesb e de Railídia Carvalho, que cantou acompanhada pelo cavaquinhista e militante do Partido Pátria Livre Helinho Guadalupe e de percursionistas do Bloco Carnavalesco Unidos do Pé Grande, da zona sul paulistana.

De São Paulo,
Fernando Borgonovi