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Bolsonaro acusa colegas parlamentares para defender ditadura 

A primeira reunião da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça gerou polêmica entre os deputados. Realizada a portas fechadas, para preservar a segurança dos depoentes, ameaçados de morte, a decisão foi mais pretexto para o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), defensor da ditadura militar, criar uma situação de conflito, acusando os parlamentares membros da comissão de possível adulteração dos depoimentos.

A coordenadora da Comissão Parlamentar, deputada Luiza Erundina (PSB-SP), informou que a reunião ocorreu a portas fechadas para proteger os depoentes porque dois deles sofreram atentados nas últimas semanas. E afirmou que "num dado momento, nós vamos levar ao conhecimento público, vamos divulgar os depoimentos, os fatos revelados por essas pessoas”, acrescentando que “num primeiro momento, para preservá-las, preservar inclusive sua segurança (será secreta)."

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“Comissão da verdade secreta, onde nós estamos? Não é verdade? Vamos falar a verdade, poxa, aberta à imprensa. Estão preparando aqui os depoimentos?" acusou Bolsonaro.

Após a reunião, o deputado Luiz Couto (PT-PB), membro da Comissão, em discurso no Plenário da Câmara, fez um apelo “para que este Parlamento solicite ao Ministro da Justiça que assegure a vida de quem está ajudando a trazer a verdade à tona, pois são pessoas que estão sofrendo ameaças veladas”.

Ele disse que os dois ex-sargentos do Exército e o agricultor trouxeram informações muito importantes, para revelar a verdade do que aconteceu na Guerrilha do Araguaia. E enfatizou a “necessidade de a Presidenta Dilma Rousseff indicar os nomes para que essas informações cheguem à Comissão da Verdade. Muitos querem contribuir para a verdade vir à tona. Saber a verdade pode gerar sofrimento, mas a verdade nos liberta”, concluiu.

A comissão, criada no mês passado para ajudar a esclarecer fatos ocorridos durante a ditadura militar, ouviu nesta terça-feira (3), dois ex-militares – o ex-soldado do 52º Batalhão de Infantaria de Selva de Marabá (PA), Raimundo Antonio Pereira de Melo e o ex-sargento do 43º Batalhão de Infantaria Motorizada de Cristalina (GO) José Antonio de Souza Perez – e o camponês Lauro Rodrigues dos Santos, que foram atingidos por ações que violaram seus direitos humanos.

Luiza Erundina explicou que os depoimentos poderão levar a uma investigação no local onde ocorreram os embates entre militares e guerrilheiros. Para realizar esse trabalho, foram convidadas as comissões de Direitos Humanos das assembleias legislativas.

Serviço:
Qualquer pessoa que tenha informações sobre esse período e queira se manifestar na comissão pode entrar em contato pelo e-Democracia ou pelo telefone da Comissão de Direitos Humanos da Câmara (61) 3216-6570.

De Brasília
Com Agência Câmara