Cida Pedrosa deixa editoria do Interpoética

Uma luta virtual pela difusão da literatura pernambucana

Por Cida Pedrosa

Estou na editoria do Interpoética desde a sua criação em 2005. Esse site foi um sonho inicialmente sonhado na cabeça de Sennor Ramos, editor e webmaster, que é o maior responsável por sua existência. Foi dele a concepção estrutural e a ideia de incluir o maior número de poetas possíveis. Eu compartilhei e assumi esse sonho como se fosse meu. Fiz do site uma das grandes motivações da minha vida. Juntos, eu e Sennor, trabalhamos muitas noites, estruturando, digitando textos, montando o acervo. Ele foi ao ar já com 250 poetas no Cardápio de Poesia e contando com 6 colunistas e a colaboração de muita gente. Em 2009 Raimundo de Moraes estreou na editoria e passou a fazer parte desse barco. Um barco solidário cujo conteúdo é todo feito de forma colaborativa. Em outubro próximo o Interpoética completa 7 anos de existência confirmando uma história de sucesso: em 2011 tivemos um milhão de acessos, contabilizando internautas do Brasil e do exterior. É uma vitória para um site de literatura com acervo praticamente de escritores pernambucanos. Hoje ele é uma referência. Fonte para estudantes e para outras mídias. Sou muito orgulhosa de ter participado disso tudo. Desse mundo chamado Interpoética. Minha vida sempre foi assim. Cheia de desafios e guinadas. Agora me preparo para mais um. Há muito tempo participo da luta para que os Direitos Humanos sejam respeitados e para que a cultura seja vista como um desses direitos. A inclusão cultural sempre foi para mim uma bandeira de luta. Inclusão dos artistas na cadeia produtiva e inclusão dos cidadãos no que diz respeito à disponibilização dos bens artísticos. Ou seja, acesso à cultura para todos. É com esse espírito de luta que me afasto da editoria para concorrer a uma vaga na Câmara dos Vereadores do Recife, pelo PCdoB, partido do meu coração e do qual sou filiada há muito tempo. Pretendo continuar na luta, agora em outros espaços de interlocução da sociedade.

O barco fica em ótimas mãos. Sennor Ramos e Raimundo de Moraes são dois timoneiros experientes e agora vão contar com um novo membro na tripulação. Cícero Belmar, uma pessoa querida e competente, jornalista e escritor.

Me afasto da editoria por entender que eticamente, como candidata a um cargo político, esta é a decisão mais apropriada para o momento. Mas estarei sempre por perto dessa tripulação e de vez em quando publicarei um texto ou algum poema.

Portanto, não é uma despedida. Apenas uma mudança de direção, um novo desafio que surge motivando-me como poeta, militante e recifense por adoção.