Policia declara guerra ao tráfico e consumo de crack

Percorrer o caminho das pedras e evitar que elas alimentem o vício nas ruas do Distrito Federal é uma das vertentes das ações repressivas contra o crack.

Ao longo de sete anos investigando e prendendo quadrilhas de traficantes, a Coordenação Antidrogas (CAD) colheu informações que servem para identificar as portas de entrada da
pasta-base de cocaína, matéria-prima para a produção das pedras.
Baseado no depoimento de usuários e traficantes presos, também foi possível mapear como funciona o comércio nas ruas, com dados como o valor de cada pedra e o perfil da escala de traficantes, desde os maiores até os pequenos revendedores.

O crack chegou com tamanha força ao DF que o primeiro impacto fez com que a merla praticamente sumisse das ruas. Enquanto a merla precisava de uma série de misturas químicas, tornando sua produção complexa, o crack precisa apenas de pasta base, amônia e bicarbonato de sódio.

Mais do que isso, o crack pode ser produzido e até enterrado por longos meses até ser vendido. Enquanto isso, a merla tem uma vida útil de apenas cinco dias até endurecer e ser impossível o seu consumo.
“Essa substituição ocorreu pela facilidade da produção, distribuição e armazenamento. Tornou-se mais lucrativo traficar crack”, disse o delegado da CAD, Fábio Farias.

A epidemia das pedras que cruza o DF fez com que todas as cidades que fazem divisa com municípios da Região Metropolitana tivessem pontos de produção da droga. Planaltina, Gama, Ceilândia, entre outras regiões administrativas, já apareceram nas investigações da coordenação como locais usados para a produção do crack.

Para funcionar de forma satisfatória e transformar a pasta base em uma quantidade cada vez maior de crack, os traficantes usam a experiência de homens apelidados pelos investigadores como “químicos”. São eles que fazem todo o processamento para transformar um quilo de pasta base em dois de crack. “Chegamos a identificar um mesmo químico trabalhando
para duas quadrilhas que aparentemente não tinham conexão”, explicou o delegado.