Ações do Ocidente complicam solução de crise síria

As ações de países ocidentais estão complicando uma solução política para a crise na Síria, como demonstram os acontecimentos dos últimos dias.

Apesar dos apelos do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, para pôr fim à violência "agora e não amanhã", como disse em coletiva de imprensa em Damasco, os passos que o Ocidente dá apontam para estimular ainda mais a crise.

O ex-secretário geral da ONU transmitiu às autoridades sírias "a grave preocupação da comunidade internacional a respeito da violência no país, incluindo o incidente ocorrido em Houla".

Annan assinalou que o Conselho de Segurança solicitou uma investigação sobre o episódio, durante o qual foram massacradas mais de uma centena de pessoas, incluídas 32 crianças, o que se converteu em pretexto do Ocidente para intensificar suas sanções e pressões contra esta nação árabe.

"Observei que o governo sírio leva a cabo uma investigação sobre este incidente e isto é algo alentador", sublinhou Kofi Annan.

Contudo, a decisão de vários países ocidentais de expulsar embaixadores e pessoal diplomático sírio é uma medida apressada e injustificada que pretende jogar a responsabilidade sobre o governo sírio, consideram vários comentaristas.

O enviado da ONU reconheceu que existiu a partir de 12 de abril último certa calma no país e "agora não há nenhuma razão para que não se detenha a violência outra vez", em aparente referência ao incremento das ações nos dias que antecederam sua chegada a Damasco.

A esse respeito, o chamado do emissário "a todos os países que têm influência a exercer pressão sobre o governo e todas as partes para conseguir que cesse a violência em todas as regiões", contrasta com o que fazem os inimigos da Síria.

Na véspera, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, alertou que alguns países fazem caso omisso ao pedido aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU para efetuar uma investigação nos acontecimentos de Houla na Síria.

O chefe da diplomacia russa manifestou sua preocupação pela intenção de utilizar deliberadamente esses fatos como pretexto para apresentar demandas sobre a necessidade de adotar ações militares.

O ministro russo criticou supostos representantes do povo sírio no exterior, como Bourhan Ghaliun, que incita a violência "até que o Conselho de Segurança emita sua aprovação para uma intervenção militar estrangeira", ações contrárias ao plano de Annan, disse.

Por outro lado, o tráfico e o contrabando de armas para a Síria a partir de nações vizinhas conspira abertamente contra as tentativas de encontrar uma saída política para o problema.

Segundo o canal de TV Rússia Hoje, o Líbano se transformou na principal fonte de abastecimento e contrabando de armas para a oposição, assim como a presença de elementos das forças especiais do Reino Unido e do Catar dentro da Síria complica ainda mais a crise.

Por outro lado, o diário britânico The Times denunciou na última segunda-feira (29) a escalada que realizam os países do Golfo, especialmente a Arábia Saudita e o Catar, com seu apoio aos terroristas na Síria através do fornecimento de grandes quantidades de dinheiro e armas.

Fontes citadas pelo Times asseguram que Riad e Doha foram muito mais além de seus compromissos, e que ambos trabalham atualmente em conjunto com os Estados Unidos e seus aliados na região, para transportar armas para a Síria.

Fonte: Prensa Latina, tradução da Redação do Vermelho