Coreia do Sul e Japão respaldam militarismo dos EUA

A presença militar dos Estados Unidos conta na Ásia com o apoio incondicional da Coreia do Sul e do Japão, independentemente das polêmicas entre esses dois países.

Por Pedro Blas García *

Nesse sentido, o regime sul-coreano incrementa seu afã bélico e conseguiu instrumentalizar planos para dotar-se de mísseis de médio alcance, com um nível superior aos 400 quilômetros em um programa que se aproxima de três bilhões de dólares até 2017.

De igual forma, segundo opinam diversos especialistas, esse regime mantém um tom bastante agressivo em relação à República Popular Democrática da Coreia (RPDC) e esboça inclusive a possibilidade de desferir o primeiro golpe contra seu vizinho.

O atual governo de Seul prevê para 2013 um orçamento de defesa 5,1 por cento maior que o atual, algo mais do que 25 bilhões de dólares, o que significa uma cifra sem precedentes.

A tais planos se somam os projetos para construir uma sofisticada base militar na ilha de Jeju, a apenas 300 quilômetros da costa chinesa e que faz parte da política de Washington de construir um chamado escudo antimísseis na região.

A obra, avaliada em mais de 970 milhões de dólares, servirá para abrigar projéteis estadunidenses de longo alcance e vinte navios equipados com a mais avançada tecnologia bélica.

Em Jeju, uma exótica região natural e declarada Patrimônio da Humanidade, tanto a população como o governo local se opõem a esses planos, adiados em mais de uma ocasião por tais causas.

A ilha, de acordo com argumentações da cúpula governante de Seul, incluídos chefes militares como o general Shin Won-sik, é considerada um ponto estratégico por estar situada a 300 quilômetros das costas da China e ser ponto de confluência de várias importantes rotasmarítimas na Ásia-Pacífico.

Em toda a Coreia do Sul, os Estados Unidos têm instaladas dezenas de bases militares, cerca de 40 mil soldados e pontos de lançamento de mísseis apontados para a Coreia Popular e regiões da China.

O caso do Japão

Enquanto isso, o Japão mantém seus tradicionais vínculos de cooperação militar com Washington e os incrementa em particular em Okinawa, onde foi autorizada a operação dos controvertidos aviões de decolagem vertical Osprey.

Particularmente em Okinawa, os Estados Unidos mantêm mais de 70 por cento de suas forças militares em todo o Japão, cujos habitantes pedem abertamente a retirada dos norte-americanos, que a cederam em 1972 à administração de Tóquio.

A região também foi cenário de cruentos combates nos finais da Segunda Guerra Mundial, onde morreram, de acordo com estimativas oficiais, mais de 150 mil pessoas, entre civis e soldados, tanto japoneses como estadunidenses.

Para o país do Sol Nascente, a síndrome da Segunda Guerra Mundial e o extermínio atômico em Hiroshima e Nagasaki continuam latentes, e as críticas e condenações à presença militar estadunidense se mantiveram ao longo destes anos.

Por outro lado, os Estados Unidos desenvolvem uma ampla cooperação logística com as chamadas Forças de Autodefesa do Japão e situa em seu território um contingente de especialistas e tropas superior aos 50 mil homens, além de vários portos para o abastecimento e estadia de navios da Sétima Frota, encarregada da cobertura no Pacífico.

Organizações sociais, políticas e ambientalistas, tanto japonesas como sul-coreanas, denunciam o incremento da presença militar estadunidense e que inclui o armazenamento de armas nucleares em lugares não determinados mas notificados pelas mais diversas fontes, incluídos especialistas de Washington.

Na ilha sul-coreana de Jeju e em Okinawa, Japão, con lugares históricos declarados Patrimônio da Humanidade, o afã bélico ignora as pesquisas de opinião e o clamor popular, que demonstram uma crescente e constante oposição ao militarismo.

Não é segredo para ninguém que a intensificação da presença dos Estados Unidos conta com um respaldo prático de Seul e Tóquio como nunca anteriormente, voltada para o aumento de tensões com objetivos finais de supremacia econômica com base na força.

*Chefe da Redação de Ásia e Oceania da Prensa Latina.