Albino Rubim: Cultura na Bahia é tratada democraticamente
Na última segunda-feira, 05 de novembro, foi comemorado o Dia da Cultura no Brasil (Lei nº 5.579/70), data de nascimento do jurista, político, escritor e diplomata Rui Barbosa (1849-1923). Nessa entrevista, o secretário Estadual da Cultura na Bahia, Albino Rubim, fala sobre as iniciativas realizar para fortalecer o segmento no estado.
Publicado 06/11/2012 19:41 | Editado 04/03/2020 16:17
Portal Vermelho: Quais as iniciativas do governo do Estado para promover a cultura na Bahia?
Albino Rubim: O governo do Estado vem trabalhando com a concepção ampla do conceito de cultura. Um conceito que seja abrangente e democrático, que dê conta dos vários fenômenos culturais que acontecem na sociedade baiana e contemporânea, considerando suas tradições que são muito fortes.
Então, nós estamos dando uma ênfase grande, nessa perspectiva, para as culturas que formam essa vastidão chamada cultura baiana: de um lado, as culturas do sertão. Fizemos até um importante evento sobre isso, e estamos começando no próximo dia 08 de novembro, o Encontro das Culturas Negras, dando ênfase a essa cultura que é fundamental para a constituição da cultura baiana.
Para tratar da cultura na Bahia, é importante ampliar os contatos interculturais, não só com as culturas daqui, mas também com outras nacionais e internacionais. Na Secretaria da Cultura, nós pensamos que o campo de valores está ligado ao campo cultural. A cultura, ela sendo uma relação do homem com a natureza, está permeada de valores. Por isso, ela deve buscar valores que sejam, por exemplo, contra todo o preconceito e que sejam emancipatórios. Precisam ser valores que tenham compromisso com as transformações. Contra o racismo, o machismo, a homofobia, a discriminação de classes e contra toda forma de discriminação que existe na sociedade em que vivemos.
Vivemos em uma sociedade de exploração, carregada desses valores que são extremamente nocivos à cultura e valores que permeiam a cultura que nós temos. A violência, por exemplo. É só olharmos que, em grande parte da cultura contemporânea, temos a cultura da violência. A gente quer desenvolver uma cultura que tenha outro horizonte, outros valores. Isso é o que chamamos de busca por uma cultura cidadã e comprometida com os valores da emancipação.
Em relação às políticas que promovemos, temos atuação em diversas áreas. Recentemente, realizamos o Festival Cinco Minutos, iniciativa que tem mais haver com uma cultura contemporânea, pois contempla vários formatos tecnológicos diferentes. Fizemos também uma caravana cultural que foi ao Oeste da Bahia, pois achamos importante que a secretaria se torne uma pasta de toda a Bahia e apesar da pequena dimensão da secretaria, do pouco recurso que ela tem, nós a tornamos uma secretaria atuante em todos os territórios do estado.
As nossas diretrizes são essas: o fortalecimento do diálogo intercultural, a implementação da cultura cidadã, a territorialização da cultura, o desenvolvimento da economia de cultura, uma economia que seja sustentável, sabendo que determinados campos culturais nunca serão ligados ao campo econômico. Alguns campos culturais o Estado tem que bancar e manter, mas têm outros que podem dialogar com o mercado buscando alternativas novas para o próprio campo cultural.
Temos feito também um esforço grande na secretaria para que as políticas de cultura não sejam apenas da nossa pasta. Estamos fazendo trabalhos com a Setre (Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte) no sentido de poder pensar a cultura como trabalho e renda, tem uma série de iniciativas com as Secretaria da Educação, de Ciência e Tecnologia, entre outras. Isso é o que chamamos de transversalidade da cultura, ação que queremos desenvolver fortemente no Estado.
De Salvador,
Ana Emília Ribeiro