Jornalista da Folha causa polêmica ao falar sobre baianos
Em um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo da última segunda-feira (10/12), o jornalista Gilberto Dimenstein gerou polêmica ao questionar a decisão do novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), de indicar o baiano Juca Ferreira para o comando da Secretaria de Cultura da cidade, e discutir a origem do indicado. Com o título “Haddad precisa importar um baiano?”, o texto de Dimesntein foi acusado de xenofóbico.
Publicado 11/12/2012 12:20 | Editado 04/03/2020 16:17
“Está causando estranheza entre figuras da chamada inteligência paulistana. (…) Não tinha ninguém aqui da cidade habilitado ao cargo, capaz de conhecer melhor os detalhes da cidade? O fato de ele ter sido ministro torna-o naturalmente competente para um cargo que, a rigor, tem um orçamento bem menor e, teoricamente, mais simples? É mesmo mais simples? Juca vai aprender rapidamente os códigos locais?”, começa o artigo do jornalista.
A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-Ba) lamentou a publicação do artigo e também fez coro com os que defendem que essa é mais uma ação discriminatória dos paulistanos. “Compreendo que essa é mais uma atitude antinordestina, sem se olhar para o valor do indicado. Juca e Haddad foram grandes ministros juntos e trouxeram avanços para o Brasil. Parabenizo o prefeito eleito pela escolha”, afirma.
Alice fará uma saudação a Juca Ferreira, nesta terça-feira (11), no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. Segundo a comunista, a intenção é promover o reconhecimento das ações do ex-ministro ao país e elogiar a indicação feita por Haddad.
O deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ), que é baiano, usou as redes sociais para tamém demonstrar indignação e rebater as críticas. “A palavra ‘baiano’ não foi parar no título por acaso. A língua não é neutra (o jornalismo menos); e eu acredito que Dimenstein sabe disso. (…) Ele sabe o quanto a palavra ‘baiano’, em São Paulo (e para elite paulistana), está carregada de sentido negativo”, afirmou Willys.
Juca Ferreira é sociólogo e defensor de políticas ligadas à cultura e ao meio ambiente. Foi líder estudantil e, pelas ações de resistência à Ditadura Militar (1964-1985), foi exilado por nove anos. Na sua volta, foi secretário municipal de Meio Ambiente, idealizador de diversos projetos sociais e vereador por Salvador.
Ferreira fez parte do Governo Lula, primeiro como Secretário Executivo do Ministério da Cultura, durante a gestão de Gilberto Gil, e depois como titular da pasta, onde permaneceu até o final do mandato.
De Salvador,
Erikson Walla