Jornalista da Folha causa polêmica ao falar sobre baianos

Em um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo da última segunda-feira (10/12), o jornalista Gilberto Dimenstein gerou polêmica ao questionar a decisão do novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), de indicar o baiano Juca Ferreira para o comando da Secretaria de Cultura da cidade, e discutir a origem do indicado. Com o título “Haddad precisa importar um baiano?”, o texto de Dimesntein foi acusado de xenofóbico.

“Está causando estranheza entre figuras da chamada inteligência paulistana. (…) Não tinha ninguém aqui da cidade habilitado ao cargo, capaz de conhecer melhor os detalhes da cidade? O fato de ele ter sido ministro torna-o naturalmente competente para um cargo que, a rigor, tem um orçamento bem menor e, teoricamente, mais simples? É mesmo mais simples? Juca vai aprender rapidamente os códigos locais?”, começa o artigo do jornalista.

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-Ba) lamentou a publicação do artigo e também fez coro com os que defendem que essa é mais uma ação discriminatória dos paulistanos. “Compreendo que essa é mais uma atitude antinordestina, sem se olhar para o valor do indicado. Juca e Haddad foram grandes ministros juntos e trouxeram avanços para o Brasil. Parabenizo o prefeito eleito pela escolha”, afirma.

Alice fará uma saudação a Juca Ferreira, nesta terça-feira (11), no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. Segundo a comunista, a intenção é promover o reconhecimento das ações do ex-ministro ao país e elogiar a indicação feita por Haddad.

O deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ), que é baiano, usou as redes sociais para tamém demonstrar indignação e rebater as críticas. “A palavra ‘baiano’ não foi parar no título por acaso. A língua não é neutra (o jornalismo menos); e eu acredito que Dimenstein sabe disso. (…) Ele sabe o quanto a palavra ‘baiano’, em São Paulo (e para elite paulistana), está carregada de sentido negativo”, afirmou Willys.

Juca Ferreira é sociólogo e defensor de políticas ligadas à cultura e ao meio ambiente. Foi líder estudantil e, pelas ações de resistência à Ditadura Militar (1964-1985), foi exilado por nove anos. Na sua volta, foi secretário municipal de Meio Ambiente, idealizador de diversos projetos sociais e vereador por Salvador.

Ferreira fez parte do Governo Lula, primeiro como Secretário Executivo do Ministério da Cultura, durante a gestão de Gilberto Gil, e depois como titular da pasta, onde permaneceu até o final do mandato.

De Salvador,
Erikson Walla