PCdoB Paulistano divulga documento das eleições 2012

“Uma vitória de grande significado para os setores progressistas e populares”. Esta foi a avaliação final do documento divulgado nesta terça-feira, 11, pelo comitê municipal do PCdoB sobre a disputa majoritária na cidade de São Paulo em 2012. A redução da bancada na Câmara de São Paulo para um vereador foi o aspecto considerado “insuficiente e negativo”, diz trecho do documento.

Balanço das Eleições 2012 e do Projeto Eleitoral do PCdoB na Cidade de S. Paulo

Disputa majoritária

1. As eleições municipais de 2012 na cidade de São Paulo foram marcadas por intensas articulações e pelo enfrentamento entre as forças que nacionalmente polarizam em plano nacional: os partidos e setores que apóiam o governo Dilma e a oposição. Contou com o envolvimento direto das principais lideranças nacionais, afinal a eleição na maior cidade do país é importante para a acumulação de forças visando acima de tudo, as disputas de 2014.

2. Concorreram a Prefeitura Municipal 12 candidatos, desses, 3 foram os que mais polarizaram o apoio do eleitorado: Fernando Haddad (PT), José Serra (PSDB) e Celso Russomano (PRB).

3. Fernando Haddad encabeçou a coligação formada pelo PT, PCdoB, PSB e PP. Sua candidatura contou com o apoio do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma. Haddad iniciou a disputa eleitoral contando com apenas 3% de intenção de votos e encerrou o 1º turno com a votação de 28,98%. A candidata à vice-prefeita na chapa de Fernando Haddad seria a ex-prefeita Luiza Erundina que renunciou. Essa situação resultou na indicação da presidenta estadual do PCdoB, Nádia Campeão para a candidatura a vice-prefeita.

4. José Serra representou a coligação composta por PSDB, DEM, PV, PR e PSD. Sua candidatura contou com apoio do Governador Geraldo Alckimin, FHC e do prefeito Gilberto Kassab. Representou o projeto neoliberal implementado na década de 90 no Brasil e ainda em curso no Estado de SP desde 1985. Sua candidatura iniciou a disputa eleitoral com 30% de intenção de votos e encerrou o 1º turno com a votação de 30,75%. Ao longo da disputa caiu nas pesquisas de intenção de votos para 17%, devido aos altos índices de rejeição ao candidato, ao seu projeto político de continuísmo e o não enfrentamento dos problemas da cidade por parte da candidatura.

5. Celso Russomano foi candidato pela coligação entre PRB, PTB, PTN e PHS. Sua candidatura contou com o apoio de um grande numero de eleitores que já o conheciam pelo programa diário de TV, pela sua candidatura ao Governo do Estado em 2010 e por setores que buscavam sair da polarização entre PT e PSDB. A candidatura de Celso Russomano ocupou, no período entre Julho e Setembro, a liderança das pesquisas de opinião, mas nas duas ultimas semanas, por falta de uma maior consistência no debate político, na apresentação de projetos e com pouca base política de sustentação social, perdeu grande numero do apoio e não conseguiu votação suficiente para chegar ao 2º turno. No inicio da batalha teve 17% de apoio nas pesquisas, cresceu e 15 dias antes estava com aproximadamente 35% de intenção de votos, perdeu fôlego e encerrou o 1º turno com uma votação de 21,60% dos eleitores paulistanos.

6. Além dessas 03 candidaturas, merece destaque também a candidatura de Gabriel Chalita (PMDB), que buscou ser opção à polarização entre PSDB-PT e ocupar um maior espaço do PMDB no cenário político da cidade. Contou com o apoio do Vice Presidente da República, Michel Temer e das principais lideranças do PMDB. Encerrou o primeiro turno com 13,60% dos votos e contribuiu para eleger uma bancada de 04 vereadores na CMSP.

7. Além dessas, também concorreram e receberam os seguintes percentuais de votos as candidaturas de Soninha Francine (PPS) 2,65%, Carlos Gianazzi (Psol) 1,02%, Paulinho da Força (PDT) 0,63%, Levy Fidelix (PRTB) 0,32%, Ana Luiza (PSTU) 0,21%, Miguel Manso (PPL) 0,12%, Eymael (PSDC) 0,09% e Anai Caproni (PCO) 0,02%.

8. O resultado final levou ao 2º turno as candidaturas de Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) demonstrando a força política e eleitoral do PT e do PSDB na cidade.

2º turno

9. Com o resultado alcançado, o 2º turno ganhou mais uma vez na cidade um caráter plebiscitário e de polarização, pois concorreram dois campos distintos de projetos políticos não só no âmbito local, como nacional, PT e PSDB.

10. Com uma linha política reeditada de ataques, mentiras e calúnias a candidatura de José Serra procurou rebaixar o nível do debate político, se esquivar dos altos índices de rejeição e da má avaliação do governo municipal.

11. A candidatura de Fernando Haddad ampliou seu eleitorado ao receber o apoio do PMDB e de Gabriel Chalita, mas também de vários setores organizados da sociedade que aderiram ao seu programa de governo, tudo isso sem diminuir o ritmo implementado desde o inicio da campanha de intensas agendas de contato com o povo, através de caminhadas e carreatas cotidianas. No 2º turno, a candidatura buscou votos junto aos eleitores que no 1º turno não votaram em Serra.

12. Superando as ondas denuncistas da candidatura adversária, Haddad elegeu-se prefeito de São Paulo com mais de 55% dos votos contra 44% para Serra.

13. A eleição de Haddad e Nádia para a prefeitura de São Paulo é uma vitoria importante para os setores populares e progressistas não só no âmbito municipal, mas também em âmbito nacional, levando em conta a importância política e econômica de São Paulo e a possibilidade de que a cidade em parceria com o projeto nacional colabore de forma decisiva com o desenvolvimento econômico e social da cidade e do País; com as melhorias nos serviços públicos em saúde, educação e moradia, compromissos prioritários do programa de governo de Fernando Haddad, e também com a retomada de um projeto democrático de gestão que poderá mobilizar intensamente os setores sociais e populares organizados da sociedade paulistana. Além disso, fortalece as forças políticas progressistas na disputa estadual de 2014.

14. Para o PCdoB o balanço da eleição majoritária também tem destaque positivo e de qualidade pela eleição da camarada Nádia Campeão como vice-prefeita de São Paulo. Nádia poderá contribuir muito nos rumos políticos da gestão e da cidade, no fortalecimento da luta por maior presença das mulheres na política, na visibilidade e no fortalecimento do PCdoB.

Balanço da eleição de vereadores

15. A eleição de vereadores na cidade de São Paulo foi realizada sob a forte campanha, contra os políticos de forma geral e em meio a divulgação diária e massiva do julgamento do “mensalão”. Além disso, as restrições da legislação eleitoral em curso diminuem cada vez mais aspectos de maior participação popular e maior debate político no processo.

16. Outro fator é que o voto para vereador tem ganhado um caráter de maior distritalização onde o candidato representa localmente anseios de solução dos problemas cotidianos e locais da população. Tem menos força os aspectos políticos mais gerais da cidade, representados por segmentos sociais, de categorias ou o voto de opinião; ganha força o voto de reduto. Esses fatores, sem questionar sua legitimidade contem aspectos limitados politicamente na medida em que vários dos problemas enfrentados na cidade não são de soluções ou medidas locais, segmentadas ou clientelistas, e sim de tratamento político geral. Outro item que continua ampliando sua força é o poder econômico.

17. Além dessas características, o peso que tem a propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão em uma cidade com mais de 11 milhões de habitantes é muito forte. Daí a campanha em geral, que oficialmente começou no dia 07 de Julho, só ganhou mesmo as ruas após o dia 20 de agosto e com maior atenção do eleitorado mesmo só nos últimos 30 dias, tendo sido, uma campanha muito curta do ponto de vista do grande eleitorado e com pouco debate político na sociedade. Porém, as candidaturas com força econômica são construídas com antecedência, arregimentando lideranças muitas vezes anos antes.

18. De um total de 55 vereadores, 33 foram reeleitos (60%) e 22 eleitos (40%), do total de eleitos somente 6 são mulheres. Com o fortalecimento de setores conservadores ganhou força na Câmara a tendência de centro-direita.

Resultado eleitoral do PCdoB

19. O projeto eleitoral do PCdoB começou a ser discutido e montado no final de 2010. O Comitê Municipal iniciou o debate sobre o lançamento da pré-candidatura de Netinho de Paula a prefeito de São Paulo. Netinho havia saído com uma grande votação para o Senado, (7.700.000 votos sendo desses 2.100.000 só na capital). Outra parte integrante do projeto para 2012 seria a montagem de uma chapa própria de vereadores. Esse projeto teve como base principal: a necessidade de um maior protagonismo do Partido, a ampliação da nossa visibilidade política e o crescimento do PCdoB.

20. Participamos da composição vitoriosa que elegeu a Mesa Diretora da Câmara Municipal de São Paulo em 2011, elegendo como 1º Secretario da Mesa o camarada Netinho de Paula. Assumimos, sob direção do camarada Gilmar Tadeu, a recém-criada Secretaria Especial de Articulação da Copa na Cidade de São Paulo (Secopa) integrando assim o governo Kassab, após debates nas instancias de direção.

21. Em Fevereiro de 2011 aprovamos a indicação da pré-candidatura de Netinho à Prefeitura e até Setembro do mesmo ano filiamos dezenas de lideranças para contribuir na montagem da chapa de vereadores.

22. Com a definição da pré-candidatura de Netinho ocupamos um espaço político que contribuiu para uma maior visibilidade do Partido e do candidato participando de debates, entrevistas e de atividades onde apresentamos nossas propostas. Um momento de destaque na pré-campanha foi a conferência ordinária do PCdoB, realizada no período de Junho e Agosto de 2011.

23. Após a conferência municipal, realizamos um processo de debate com vários militantes de segmentos sociais que contribuíram na montagem de uma Plataforma do PCdoB para as eleições. Essa plataforma, em boa medida, foi incorporada posteriormente no programa de governo da candidatura de Haddad e servirá como instrumento de luta política para o Partido no próximo período.

24. Em Maio de 2012, em debates realizados conjuntamente com o Comitê Estadual e o Comitê Central, identificamos a tendência de polarização nacional do processo eleitoral da cidade, as dificuldades de unificar setores que questionavam a polarização entre PT e PSDB e as dificuldades materiais em levar ao fim o projeto de uma candidatura de prefeito em uma cidade como São Paulo.

25. Iniciamos um processo de articulação com as candidaturas do nosso campo e ao fim definimos pelo apoio a candidatura de Fernando Haddad, retirando assim no dia 26 de junho a pré-candidatura de Netinho de Paula.

26. Com a retirada da candidatura, Netinho de Paula passou a incorporar a chapa de vereadores do PCdoB, ampliando a expectativa de alcançar o objetivo de ampliar a bancada de vereadores na CMSP.

27. Consideramos que o processo de montagem da chapa foi uma experiência muito dinâmica, pois além de servir para ampliar as fileiras partidárias, contribuiu para ampliar as relações políticas do partido e também para que o PCdoB fosse considerado uma opção política para um maior numero de lideranças da cidade. Porém o esforço de trazer um maior número de lideranças representativas do conjunto da sociedade ficou aquém do desejado.

28. Após o processo eleitoral, o resultado alcançado foi um total de 164.969 votos, o que nos garantiu somente 1 (uma) cadeira de vereador na CMSP, elegendo apenas Netinho de Paula. Pela 2ª vez o Partido alcançou o coeficiente eleitoral que esse anos ficou em torno de 99.000 votos. Faltou ao conjunto da chapa, aproximadamente 34.000 votos para alcançarmos a 2ª vaga, e assim reduzimos nossa participação na Câmara Municipal.

29. Esse resultado deve ser alvo de um debate mais aprofundado pela Direção Municipal em conjunto com o Comitê Estadual no próximo período para extrairmos lições e analisarmos, não só o processo eleitoral, mas a trajetória política e organizativa dos últimos anos que tem resultado na diminuição da inserção política e social do Partido na capital.

30. Consideramos que eleitoralmente também contribuiu no processo as seguintes questões:

a) As dificuldades iniciais de crescimento da candidatura majoritária, deslanchando somente no final do 1º. Turno.

b) O fato de a candidatura de Netinho não ter alcançado o patamar esperado para puxar votos para a nossa chapa. A candidatura obteve somente 50.698 votos, perdendo 40% da sua última votação para vereador (em 2008 foram 84.406).

c) As dificuldades das candidaturas que tinham nas bases organizadas do Partido o seu ponto de partida (Orlando, Jamil, Ana Martins, Gregório Poço e Nilda Neve) e que não alcançaram as metas traçadas.

d) Um conjunto da chapa com pouca representatividade social composta por boa parte de candidaturas pouco representativas em comparação aos desafios da batalha, (50 candidaturas da nossa chapa não obtiveram 1000 votos).

e) O não cumprimento do acordo de apoio à chapa de vereadores por parte da candidatura majoritária foi também um fator negativo preponderante, em que ao longo dos três meses de campanha elevou-se o nível das tensões e a impossibilidade de alavancarmos o desempenho e a votação da nossa chapa.

31. Consideramos que o balanço é positivo no aspecto da disputa majoritária e da luta política em geral. Obtivemos uma vitoria de grande significado para os setores progressistas e populares, que abre horizonte político para vitoria na luta pelo Desenvolvimento, na defesa dos direitos do povo, na democratização da gestão publica e principalmente para a futura batalha de 2014. Nesse processo o PCdoB sai fortalecido, respeitado com perspectiva de ampliar sua força e visibilidade política.

32. Porém, consideramos insuficiente e negativo o resultado da eleição de vereadores, onde diminuímos nossa representação parlamentar, demonstrando a redução da nossa inserção social e por conseqüência da nossa força eleitoral, ao longo dos últimos anos. Esse fator ocupar nossa pauta de debate, em conjunto com o Comitê Estadual e Central, na busca de soluções para essa realidade.

Desafios e Perspectivas

33. Com os resultados finais do 2º turno participamos da vitória na disputa pela prefeitura, em que permite termos expectativas de uma maior projeção de nossas idéias e do crescimento partidário, seja por conta da vitoria alcançada pelas forças progressistas com a vitória de Haddad e Nádia.

34. Uma futura participação do partido e de seus quadros na condução da gestão publica, irá contribuir para um maior relacionamento político com a sociedade, a começar pela participação de Netinho de Paula na Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, dentre outros espaços até aqui em discussão.

35. Por conta disso, assumirá o mandato de vereador o camarada Orlando Silva, que contribuirá também para a representação política do partido na cidade e na CMSP.

36. Além disso, a importante vitoria de Pedro Bigardi na eleição para prefeito em Jundiaí, propiciará que o vice-presidente do Comitê Municipal, Alcides Amazonas, assuma o mandato de Deputado Estadual, o que poderá, objetivamente, reforçar politicamente o Partido na capital.

37. Mas o debate sobre o projeto político do Partido na cidade, a implementação da nossa plataforma política aprovada em nossa Convenção de 2012 e a superação nas dificuldades de estruturação partidária deverão ocupar a pauta de debates da Direção Municipal, das Direções Intermediárias e do conjunto dos quadros, com o sentido de construir opiniões coletivas sobre:

• A diminuição da inserção política, social e eleitoral do Partido na cidade;
• As insuficiências e gargalos organizativos do partido;
• A necessidade de maior empenho para a formação de quadros;
• O aperfeiçoamento na relação entre Partido, mandatos parlamentares, Governo e Movimentos Sociais.
• A busca de novas políticas de organização, comunicação, formação e finanças para a estruturação partidária;
• A renovação das instâncias de direção, o que deverá ocorrer no processo de realização do nosso 13º Congresso a ser realizado em 2013.

Futuro de amplas perspectivas políticas

38. Mesmo com as dificuldades pontuadas e com a derrota na disputa proporcional, o PCdoB deve se assenhorar da vitória política e das boas perspectivas que se abrem com a vitória da Haddad e Nádia na Prefeitura de São Paulo e buscar implementar um projeto de maior ação política, de fortalecimento do PCdoB e da busca para avançar em São Paulo e no Brasil um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.


Comitê Municipal do PCdoB de São Paulo.
São Paulo, 08 de Dezembro de 2012.