Elbia Melo: Brasil precisa de crescimento razoável e sustentável
A presidente da Abeeólica, Elbia Melo, afirma os investidores estão orientados a não instalarem empreendimentos eólicos em área de dunas
Publicado 12/03/2013 10:48 | Editado 04/03/2020 16:28
Os questionamentos para construção de parques eólicos em área de dunas gerou debate no setor energético recentemente. O questionamento é, principalmente, em relação ao impacto visual dos empreendimentos, já que a energia eólica é considerada limpa, renovável e com emissão zero de carbono.
Em entrevista ao Jornal O Povo, a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, afirma que o setor está orientado a não instalar parques eólicos em dunas.
Elbia defende que o setor eólico nacional é um negócio consolidado e que as questões regulatórias estão bem resolvidas. Um novo atlas do potencial da energia dos ventos está sendo desenvolvido. A publicação vai dar conta de que o potencial cresceu de 143 Gigaweatts (GW), de 2001, para 300 GW, em função das tecnologias do setor que avançaram.
A presidente da Abeeólica chega hoje a Fortaleza para a solenidade de abertura do evento de energias renováveis All About Energy, às 16 horas. Amanhã, a executiva participa do painel MRE Hidroeólico Solar Térmico”, marcado para às 16h e do debate sobre o “Planejamento da Conexão Elétrica de Usinas Eólicas”, às 18 horas.
A energia eólica é um negócio viável consolidado no Brasil?
Pode ser considerada viável porque já fizemos a contratação de 7,1 GW (gigawatt) nesse processo de leilão competitivo e atraiu toda uma cadeia produtiva de investimentos.
Quando o novo atlas eólico do País será apresentado? O último e único é de 2001.
Está sendo feito o estudo para o novo atlas eólico brasileiro. A tecnologia do primeiro era muito diferente. Agora estão fazendo um novo estudo, com nova tecnologia e vão chegar a um potencial eólico de 300 GW em contraste com 143 GW do passado.
A energia eólica é considerada limpa, no entanto, como qualquer outra, tem impactos. Há críticas dos parques instalados em dunas e há queixas do barulho e das intervenções nas localidades próximas aos empreendimentos. O que melhorou nesses aspectos?
A energia eólica é limpa, renovável, com emissão zero de carbono. No que se refere à localização dos parques, tem havido algumas discussões, principalmente no Ceará e Rio Grande do Norte, da construção em dunas, mas isso não está associada a questão da emissão e sim de impacto visual das torres. O que está sendo direcionado para os órgãos do meio ambiente e para os próprios investidores é não instalar mais torres eólicas em dunas.
O mercado está suficientemente aquecido no Brasil?
O mercado está suficiente para atender o que os fabricantes estão fazendo. Em uma perspectiva futura, de crescimento da oferta de equipamentos, talvez os fabricantes produzam muito mais do que o mercado necessita.
O marco regulatório tem surtido efeito para dar segurança aos investidores?
O mercado de energia eólica está bastante estável do ponto de vista regulatório. Tudo que necessitamos em termos de regulação já foi construído ao longo de dois, três anos. Não dá pra dizer que está faltando regulação no setor eólico. Existem pequenos ajustes sendo feitos, mas é natural do setor.
O crescimento da economia importa em que medidas ao setor eólico?
O Brasil tem uma taxa de crescimento por demanda de energia alta, porque é um país em desenvolvimento. Se o PIB cresce, a demanda por energia também cresce em uma proporção 50% maior. O que a gente precisa é ter uma taxa de crescimento da economia razoável e sustentável
O que os investidores internacionais se queixam no Brasil?
O que é muito importante para o Brasil e para qualquer mercado é você ter uma perspectiva mais estável. Todo investidor está buscando uma certa sinalização de investimento num patamar sustentável
Qual a demanda do setor eólico em relação à desoneração de tributos?
O setor tem dois pontos importantes já atendidos. A redução do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) para equipamentos eólicos e a isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os equipamentos e máquinas.
Fonte: O Povo