EUA usam telefonia e empresas de cartões para espionagem

Os agentes de inteligência dos Estados Unidos não têm acesso apenas aos registros de chamadas da Verizon, mas também aos das outras duas maiores companhias telefônicas do país, AT&T e Sprint, e à informação de empresas de cartões de crédito, informou nesta sexta (7) o The Wall Street Journal.

A publicação, que cita fontes ligadas às operações da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, disse que essa divisão tem acordos com a AT&T e Sprint similares ao da Verizon, revelado nesta semana pelo jornal britânico The Guardian.

O acordo com as três maiores operadoras de telefone do país afeta "a maioria dos americanos" e significa que "cada vez que se faz uma chamada, a NSA consegue um registro da localização, o número contactado, a hora da chamada e a duração da conversa", segundo o The Wall Street Journal.

A AT&T é a maior companhia telefônica do país, com 107,3 milhões de clientes de celular e 31,2 milhões de telefone fixo. A Verizon tem 98,9 milhões de clientes de telefonia móvel e 22,2 milhões de fixo, e a Sprint tem 55 milhões de clientes no total, segundo dados oficiais citados pelo jornal.

Além disso, três ex-funcionários do governo americano afirmaram ao diário que a NSA estabeleceu "relações similares" com companhias de cartões de crédito.

O jornal não identificou essas companhias e disse que não se sabe se os acordos com as empresas ainda estão valendo ou se foram feitos temporariamente.

A publicação norte-americana confirmou, além disso, que a NSA mantém contratos parecidos com os grandes provedores de internet do país, conforme dados divulgados pela imprensa nesta quinta (6) segundo os quais a NSA e o FBI coletam dados diretamente dos servidores da Microsoft, Yahoo!, Google, Facebook, PalTalk, AOL, Skype, YouTube e Apple.

O acordo com as empresas da internet tem sua base em um programa chamado Prism, que contou com a colaboração da Microsoft desde seu início, em 2007, enquanto a Apple negou-se a participar durante os primeiros cinco anos, até 2012, quando começou a colaborar.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, esclareceu que esses registros não afetam "ninguém que resida nos Estados Unidos". Ele também assegurou que os programas de espionagem de chamadas e comunicações na internet contam com um "amplo apoio bipartidário" no Congresso e são continuamente supervisionados.

As práticas começaram sob o governo de George W. Bush por causa dos atentados de 11 de setembro de 2001, inicialmente sem fundamento legal.

O Congresso criou mais tarde uma estrutura de apoio por meio de duas leis aprovadas em 2007 e 2008, que ampliam os poderes do Executivo em relação à lei de espionagem no exterior de 1978.

A nova legislação concede imunidade às companhias privadas que cooperam de forma voluntária com as agências de inteligência dos Estados Unidos em suas investigações.

Além disso, a lei antiterrorista de 2001, ou Patriot Act, autoriza que o governo tenha acesso aos registros de empresas.

Fonte: Rede Brasil Atual