Plenária discute quadro político e define ação militante

Militantes do PCdoB que atuam nos movimentos sociais do Recife se reuniram neste sábado (29), no auditório Marcelo Medeiros, no Comitê estadual do partido, em Santo Amaro, para a primeira de uma série de plenárias que a direção do Comitê Municipal da cidade promove durante o mês de julho. As próximas plenárias reunirão militantes que atuam na área institucional, bem como os que atuam nas universidades e no movimento estudantil universitário em datas ainda a serem anunciadas.


Luciano Siqueira fala aos participantes da plenária. Fotos: Alessandro Freitas/PCdoB Recife

“Esses encontros têm o objetivo de debater e unificar a compreensão do atual quadro político, sobretudo, com as alterações verificadas a partir das manifestações de rua que eclodiram em todo o País, inclusive no Recife, bem como ajustar a atividade militante do PCdoB, neste caso, nos movimentos sociais”, explicou o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, que preside o Comitê Municipal local.

“Na análise da conjuntura nós acentuamos que as grandes manifestações tem se desdobrado em pequenas manifestações localizadas que se espalham pelo País e nesse espírito nós devemos organizar a atividade militante em todas as áreas”, disse.

Luciano destacou ainda o fato de as plenárias serem um instrumento previsto no Estatuto do partido, de caráter consultivo, não deliberativo, “que permite a troca ágil de impressões e opiniões entre a direção e a base do partido, bem como estimular os militantes a aprofundar a discussão nos organismos aos quais pertencem”.

“A reunião de sábado teve esse princípio e foi muito proveitosa, com ótimo resultado, porque foi possível, além de recolher registros factuais do que está acontecendo em diversas áreas, trazer à tona questões de ordem política muito importante e de grande atualidade, tais como a relação entre organizações populares e governos aliados – se aprofundou muito essa questão -, caso concreto do movimento popular do Recife com a atual gestão do prefeito Geraldo Julio, e como não negar apoio naquilo que é correto e como não abrir mão da legítima pressão reivindicatória para que os reclamos da população sejam efetivamente atendidos”, avaliou o dirigente comunista, que enxerga na situação “uma nuance muito interessante”.

Sem conflitos

“É que os militantes do PCdoB que mobilizam o povo através das entidades populares têm na prefeitura companheiros, como o vice-prefeito e outros quadros do partido, em funções de responsabilidade. Numa linguagem simples, nós podemos dizer que o partido está dos dois lados do balcão, porém, os que estão no governo têm responsabilidades bem definidas, sobretudo, para ajudar no sentido de que o programa de governo seja efetivamente praticado – no entendimento de que esse programa corresponde às expectativas da população – e os que estão no movimento popular têm a função de mobilizar permanentemente o povo para exigir que esse programa seja aplicado”, esclareceu Luciano.

Eventualmente, segundo ele, pode haver conflito, contradição, como, por exemplo, no movimento reivindicatório dos servidores públicos. “Mas, é um conflito que se dá não no campo das relações entre o povo e o inimigo, mas no campo dos aliados”.

O dirigente fez questão de ressaltar que na avaliação dos presentes à reunião não há motivos para os militantes que atuam nos movimentos sociais se inibirem de mobilizar o povo nas diversas áreas visando acelerar as respostas do governo municipal. “Nós chamamos a atenção para o fato de que esse assunto é um assunto de ordem política e teórica muito importante que veio à tona com muita força quando Lula assumiu Presidência da República. Já em 2003, o PCdoB realizou a 9ª Conferência Nacional que tratou exatamente dessa questão numa linguagem simplificada”, destacou.

Ação propositiva e crítica


Vereador Almir Fernando apresenta ações na Câmara do Recife

“Até então, nós tratávamos o governo federal como inimigo, que era o governo de Fernando Henrique Cardoso. E a nossa orientação política era “destrutiva” porque o objetivo era desmascarar o caráter antipopular e antinacional do governo de então, enfraquecê-lo e derrotá-lo. Com a assunção de Lula ao governo à Presidência da República nós tivemos de mudar a orientação, ao invés de ser “destrutivo” passou a ser “construtivo” porque nós passamos a ter um presidente oriundo do movimento social e comprometido com a Nação e o povo brasileiro”, lembrou Luciano.

“Porém, a atitude que os comunistas passaram a ter desde então no governo federal, isso vale para os governos estaduais e municipais, é uma atitude ao mesmo tempo propositiva e crítica. Essa foi a fórmula que nós adotamos. Conduta propositiva crítica. Isso quer dizer, dar tudo para que o governo dê certo, mas não se eximir de oferecer ao governante a opinião crítica, seja dentro do governo, seja na sociedade, nos fóruns de debate ou na ação concreta do movimento social”, afirmou.

Luciano citou como exemplo o vereador Almir Fernando. “Almir, é um vereador que vem praticando essa conduta ao mesmo tempo propositiva e crítica. É o vereador que mais defende o governo na Câmara Municipal do Recife e ao mesmo tempo é um parlamentar que não tem se inibido de levar à tribuna, de encaminhar requerimentos, de vir à prefeitura com a população, para apresentar as reivindicações do povo”, destacou.

Presente à plenária, o vereador Almir Fernando relatou as demandas dos moradores dos bairros onde tem sua base, como o Alto José Bonifácio, por exemplo, bem como a insatisfação dessa parcela da população do Recife com o ritmo com que essas reivindicações vêm sendo atendidas pela Prefeitura.

Reforma política

Outro assunto de peso tratado na plenária dos movimentos sociais foi a necessidade de levar o debate sobre a reforma política às bases do movimento popular. Isso porque, segundo Luciano, nas manifestações de rua as pessoas pedem a reforma política, mas não sabem, exatamente, que reforma é essa e qual o seu conteúdo.

“Marcelo Adriano, que é membro do Comitê Municipal do Recife e é muito atuante no movimento sindical e popular, propôs que o Comitê Municipal organize um debate específico sobre esse tema e, certamente, o Comitê Municipal vai acolher essa proposta e vai fazer o debate específico”, assegurou.

Tarefas práticas

Ao final da plenária, a militância dos movimentos sociais recebeu três tarefas práticas. “Embora a reunião não tivesse caráter deliberativo, ficou consensual que o militante do movimento social tinha, neste momento, três tarefas imediatas muito simples: convocar a reunião da base para discutir e analisar a conjuntura com base em um informe de Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, com as resoluções da mais recente reunião da Comissão Política Nacional e organizar a luta do povo, através das entidades das quais participam, dentro desse espírito reivindicatório que está nas ruas”, adiantou Luciano.

A terceira tarefa da militância, segundo ainda o vice-prefeito e dirigente comunista, é convocar as entidades populares das quais o partido faz parte para comparecer à posse de Melka Pinto e demais membros da direção recentemente eleita da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP Cândido Pinto), que acontece no dia 4 de julho, quinta-feira, às 18h, no campus da UPE – Universidade Pernambuco, no Recife, “como forma de alimentar a solidariedade mútua entre os diversos setores dos movimentos sociais”.

Do Recife,
Audicéa Rodrigues