Israelenses anunciam retomada das negociações com palestinos

As negociações entre Israel e a Autoridade Palestina (AP) serão retomadas na terça-feira (30), na capital estadunidense, Washington, segundo informações do ministro de Energia e Recursos Aquíferos Silvan Shalom, publicadas pelo jornal israelense Ha’aretz, nesta quinta-feira (25). Na sexta-feira (19), o secretário de Estado norte-americano John Kerry já havia anunciado a conclusão de um acordo para a retomada, mas líderes palestinos e israelenses também emitiram ressalvas.

Manifestações em Israel - Tomer Appelbaum / Haaretz

Shalom fez o anúncio em uma conferência de imprensa, nesta quinta, após a inauguração de uma zona industrial conjunta em Jericó (na Cisjordânia), financiada pelo governo japonês, um dos principais “doadores” a projetos na região. A zona industrial será operada pelos palestinos, e seus produtos serão vendidos à Jordânia.

No evento também participou o ministro do Interior da Jordânia, o ministro do Planejamento palestino e o ministro de Relações Exteriores do Japão.

Leia também:
Lobby israelense rechaça libertação de prisioneiros palestinos
Ministro de Israel ameaça o governo e palestinos pedem clareza

Um oficial de alto escalão de Israel confirmou o anúncio de Shalom, dizendo que a decisão de retomar as “conversações de paz” na próxima terça foi feita por oficiais estadunidenses e oficiais de alto escalão israelenses e palestinos, durante uma série de chamadas telefônicas.

A ministra da Justiça israelense, Tzipi Livni, responsável pelas negociações no Governo israelense, deve participar do encontro em Washington. Também é esperada a participação do enviado pessoal do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Isaac Molho.

Saeb Erekat, chefe da equipe palestina para as negociações, participará como representante da Autoridade Palestina, e Kerry representará os Estados Unidos, como mediador. O secretário de Estado norte-americano anunciou a retomada das negociações na semana passada, após uma série de reuniões com palestinos e israelenses, mas o anúncio ainda é tratado com ceticismo.

Além disso, Mahmoud Abbas, presidente da AP, havia feito a ressalva de que ainda precisava de "esclarecimentos" dos israelenses para definir a volta aos diálogos. Não há informações sobre o anúncio nas agências palestinas de notícias Wafa e Ma'an, que focaram suas histórias em denúncias contra as condições nas prisões israelenses, a transferência arbitrária de vilas beduínas por forças israelenses, os efeitos do bloqueio militar sobre a economia de Gaza e a construção de uma ferrovia israelense que cortará a Cisjordânia, além de outras atividades em colônias judias no mesmo território.

Ainda assim, de acordo com oficiais do governo israelense, o encontro em Washington deve tratar primordialmente da agenda para a realização das negociações, inclusive dos assuntos a serem abordados e de um cronograma. As conversações devem durar nove meses, e serão iniciadas com discussões sobre as fronteiras da Palestina e as exigências israelenses em relação a questões securitárias.

Em uma antecipação do encontro, o gabinete israelense deve aprovar, neste domingo (28), a libertação de 82 prisioneiros palestinos, detidos ainda antes da realização dos Acordos de Oslo, em 1993. A libertação deve ser feita gradualmente, em quatro fases, mas grupos de pressão de grande relevância já se manifestaram contrários à medida no Parlamento.

Na mesma reunião de gabinete, os ministros devem aprovar uma medida que requererá um referendo nacional sobre qualquer acordo de paz resultante das negociações, proposta que também já foi anunciada por Netanyahu no último sábado (20).

Com informações do Ha'aretz,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho