EUA: Mediador minimiza impacto da expansão colonial israelense

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, tentou diminuir a polêmica em torno do anúncio de construção e expansão das colônias judias em territórios palestinos, feito pelo governo neste domingo (11), às vésperas da segunda reunião entre israelenses e a Autoridade Nacional Palestina, para a retomada das negociações de paz. Kerry disse, nesta segunda (12), que a ação era “de algum modo esperada”, embora contrapusesse logo que os EUA consideram as colônias “ilegítimas”.

Colônia israelense - AFP

Pedindo aos palestinos para não “reagirem mal” ao anúncio de mais 1.200 casas em colonatos (das quais 793 em Jerusalém Oriental, palestina), Kerry acrescentou que tudo isto mostra “a importância de chegar à mesa de negociações rapidamente”.

“Penso que as questões que dizem respeito aos colonatos serão melhor resolvidas quando se solucionarem os problemas da segurança e fronteiras”, disse. Esta era a questão que os palestinos queriam ver discutida primeiro, enquanto Israel defendia uma discussão global.

Leia também:
Israel manipula negociações para anunciar expansão de colônias
Corte de Israel rejeita petição contra libertação de palestinos
"Colonização israelense tem preço", diz negociador palestino
Antes das negociações, ministro de Israel admite: "matei árabes"

Os negociadores palestinos acusaram Israel de tentar sabotar as negociações; as conversações anteriores, há três anos, tinham falhado justamente por causa da recusa israelense em prolongar o congelamento da construção nos colonatos.

Israel afirma, no entanto, que a iminente libertação de 26 presos palestinos é um "gesto de boa vontade" para o início das negociações, que serão retomadas nesta quarta-feira (14), com as primeiras discussões sobre questões de substância.

No primeiro encontro, há pouco mais de duas semanas, em Washington, foram discutidas questões sobre o formato das conversações. Kerry empenhou-se pessoalmente para o reinício das negociações, mas os primeiros passos das discussões mostram a grande dificuldade do processo.

A reação do próprio executivo israelense às duas medidas (construção nos colonatos e libertação dos prisioneiros) evidencia a posição delicada do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Um dos seus ministros, Naftali Bennett, da Economia, participou nos protestos contra a libertação dos prisioneiros, além de frequentemente dar declarações racistas, polêmicas e de defesa da expansão das colônias israelenses.

Nesta segunda (12), depois do anúncio das construções, outro ministro, Yair Lapid, disse que o anúncio era "um erro" e um "desafio desnecessário aos norte-americanos", ao "colocar paus nas rodas da paz; não é necessário e não ajuda o processo".

Bennett e Lapid têm papeis importantes no governo israelense: são os líderes dos partidos da coligação de Netanyahu. A saída de qualquer um implicaria a queda do Governo.

Por outro lado, o presidente da ANP Mahmoud Abbas é desafiado por um campo interno anti-negociações, ainda que tenha se comprometido a realizar um referendo para a aprovação de qualquer acordo de paz a que chegar com os israelenses.

Com informações do Público