Audiência pública discute situação de gestantes na Bahia

Os casos de Aids e Sífilis aumentam entre as gestantes baianas. Os dados estatísticos que preocupam a área da saúde foram destacados em audiência pública na Câmara Municipal de Salvador, na última sexta-feira (16/8), no Centro Cultural. A iniciativa foi da Ouvidoria da Câmara, liderada pela ouvidora-geral e vereadora Aladilce Souza (PCdoB).

No debate intitulado Assistência do pré-natal em Salvador, Aladilce defendeu um esforço coletivo no sentido de evitar mortes e proliferação de doenças. Autora do projeto que deu origem à Lei da Maternidade Certa, que garante com antecedência um local para o parto seguro, a vereadora cobrou mais união entre as pastas da saúde municipal e estadual.

“Queremos superar as dificuldades no parto e no pré-natal e fazer valer as leis existentes com a participação dos governos e demais instituições sociais ligadas à saúde”, declarou Aladilce Souza.

Na ocasião, a professora de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Solange Gesteira, mostrou as disparidades entre a teoria acadêmica e a realidade nos postos de saúde e alertou para “o aumento dos casos de Aids e Sífilis entre as gestantes”. Ela ainda apresentou uma série de problemas, como falta de equipamentos, de kits de exames rápidos, de medicamentos, de vacinas e ausência de condições físicas adequadas nas unidades de saúde para atender às gestantes.

Doenças

A informação sobre o aumento dos casos de Aids e Sífilis na Bahia foi reafirmada pelo médico Roberto Fontes, presidente da seção baiana da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Segundo Fontes, conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado, em 2007 foram registrados 49 casos de sífilis, passando para 206 em 2011. Com relação à Aids, em 2007 ocorreram 242 contaminações, aumentando para 258 em 2012. “Outro perigo é a transmissão do vírus HIV para a criança”, alertou.

Segundo o representante municipal da Rede Cegonha, Tarcísio Oliveira Silva, a requalificação do sistema de apoio à gestante passa por melhorias estruturais. Em um breve panorama sobre o pré-natal em Salvador, ele disse que das 111 unidades de saúde existentes, 88 realizam testes de gravidez. Com relação à sífilis e vírus HIV, 70 postos fazem testes de contaminação.

Processo educativo

De acordo com Olga Sampaio, representante da Secretaria Estadual de Saúde, a atenção durante a gravidez é um desafio constante na Bahia. “O Estado e o Município possuem o dever de auxiliar um ao outro para que o processo de educação, quanto à assistência pré-natal, possa acontecer efetivamente”.

Ao final do encontro, a promotora Cíntia Guanaes, da 6ª Promotoria da Infância e Juventude, mediou o debate junto com a ouvidora-geral Aladilce Souza. O tema predominante entre os participantes foi a necessidade de ampliar o atendimento à gestante e fortalecer a união entre instituições públicas, entidades de classes, governos e unidades de saúde que prestam o serviço pré-natal.

Também participaram da audiência pública e integraram a mesa de trabalho as médicas Ana Luiza Fontes, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia, e Rita de Cássia Calfa, representante da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras, o conselheiro Marco Antônio Sampaio, do Conselho Municipal de Saúde, e Luisa de Castro, presidente do Conselho Regional de Enfermagem da Bahia.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro

Com Ascom Aladilce Souza