Conselho de Segurança faz reunião de emergência sobre a Síria

O Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião urgente para a tarde desta quarta-feira (21), em resposta às acusações feitas pela oposição de um suposto ataque do Exército da Síria, com armas químicas, contra um subúrbio da capital, Damasco. Após a reação de negação do governo, autoridades da Rússia também rechaçaram a denúncia, segundo a qual teriam morrido cerca de 1.300 pessoas.

Síria - Erbin City

A fonte da denúncia foi a Coalizão Nacional das Forças da Revolução e da Oposição Síria (CNFROS), que é apoiada por diversos países do Ocidente e da vizinhança síria. O governo do presidente Bashar al-Assad afirmou que as acusações são falsas, ou ainda uma fabricação da própria oposição.

A reunião de emergência do Conselho de Segurança deve ser realizada nesta tarde, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, emitiu declarações em que afirma estar “chocado” com as denúncias sobre o uso de armas químicas contra a população na Síria.

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O chefe da equipe de peritos enviados pela ONU ao país, após convite e negociações com o governo, Ake Sellström, havia dito, pela manhã, que o número de mortos mencionado (então à volta de 700 pessoas) soava “suspeito”, mas que uma investigação sobre as mortes é necessária.

Sellström reúne-se também nesta tarde com as autoridades sírias, para checar as informações sobre o suposto ataque com armas químicas, segundo um porta-voz da organização.

O Ministério da Informação da Síria já havia declarado, logo após as denúncias emitidas pela mídia internacional (que citava como fonte a “oposição” e, mais especificamente, a CNFROS), que o ataque com armas químicas não havia ocorrido, e que qualquer coisa neste sentido seria uma fabricação dos grupos armados para desviar a atenção da equipe de investigadores da ONU no país.

Na Rússia, o ministro das Relações Exteriores, Aleksandr Lukashevich, que tem defendido a soberania síria contra as intervenções estrangeiras e a busca pelo diálogo político como solução para o conflito armado, disse que um ataque foi lançado desde posições ocupadas pelos guerrilheiros da oposição.

"No começo da manhã de 21 de agosto, um foguete de fabricação artesanal, similar ao usado pelos terroristas em 19 de março em Jan al-Asal [quando morreram cerca de 30 pessoas] e com uma substância química venenosa não identificada, foi lançado desde posições ocupadas por guerrilheiros", assinala um comunicado de Lukashévich.

O chanceler, citado pelas agências russas, ressaltou que as informações sobre o uso de armas químicas por parte do governo do presidente Bashar al-Assad parecem uma “sabotagem planificada”.

"Chama a atenção o fato de que os meios de comunicação regionais privados iniciaram em seguida, como se tivessem recebido uma ordem, um agressivo ataque informativo carregando toda a responsabilidade sobre a parte governamental", diz o comunicado.

O vice-presidente do Comitê de Relações Exteriores da Duma (Câmara dos Deputados), Leonid Kaláshnikov, mostrou-se irônico pela reação do Ocidente ao suposto uso de armas químicas, e acrescentou: "Não é a primeira tentativa do Ocidente em relação à Síria. Na realidade, já é um velho truque que foi provado no Iraque".

No comunicado publicado na página do Conselho de Segurança, Ban assegura que “a missão da ONU para investigar as alegações sobre o uso de armas químicas na Síria está acompanhando a atual situação cuidadosamente, e continua inteiramente engajada no processo de investigação mandatado pela Secretaria Geral. O professor Sellström está em discussões com o governo da Síria sobre todas as questões relacionadas ao alegado uso de armas químicas, inclusive sobre o incidente mais recente”.

Com agências,
Da Redação do Vermelho