O protagonismo do transporte coletivo nas cidades

Por Alcides Amazonas*

O aumento dos salários e melhoria na distribuição de renda conquistados pelos governos Lula e Dilma possibilitaram ao nosso povo maior acesso a produtos até então exclusivos das classes média e alta, como o carro. E com isso, cresceu o trânsito nas cidades. Há poucos anos, o problema se resolveria com a criação e o alargamento de ruas, avenidas e viadutos. Porém, isso já não é possível.

A solução, no entanto, não está em restringir a aquisição de veículos a uma pequena parcela da população, mas em inverter a lógica das políticas públicas, transformando o carro num coadjuvante desse sistema. O personagem principal deve ser o transporte público coletivo.

É fundamental que haja uma rede ampla, eficiente e interligada de ônibus, trens e metrôs capaz de atrair as pessoas para que, no dia a dia, os carros sejam deixados em casa ou próximos às estações e terminais. E isso não beneficia apenas a circulação. Estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que andar num transporte coletivo de qualidade melhora a saúde porque diminui o estresse comum aos motoristas, induz os usuários a caminharem mais e ainda reduz os índices de acidente e de poluição.

Compreendendo esse novo cenário, o prefeito Haddad tem investido nos corredores exclusivos de ônibus, na criação do Bilhete Único Mensal, na descentralização da geração de empregos e de moradias e na melhoria do sistema, apoiando a CPI dos Transportes e estudando novas regras para a licitação dos ônibus. A presidenta Dilma também já entendeu o recado das ruas e direcionou mais verbas para a mobilidade urbana. Apenas para a capital paulista, são mais de R$ 3 bilhões.

Falta o governador Alckmin fazer sua parte – e isso significa ampliar investimentos, dar maior agilidade à construção dos metrôs e permitir que se investiguem, inclusive em CPI na Assembleia Legislativa, os cartéis que tanto prejudicaram a nossa população. Com isso, um grande passo estará sendo dado na direção da transparência e da melhoria de nosso sistema.

Fonte: Diário de S. Paulo