Contradições e tensões sobre a Síria marcam reunião do G-20

Começou nesta quinta-feira (5), na cidade russa de São Petersburgo, antiga Leningrado, a Cúpula do Grupo dos Vinte (G-20). As negociações dos líderes que representam as economias mais potentes do planeta estarão centradas na agenda econômica, mas também irão abordar o conflito na Síria.

A reunião do G-20 realiza-se em meio a sérias tensões e contradições, principalmente entre o país anfitrião, a Rússia, e os Estados Unidos, país imperialista que se encontra empenhado em preparar as condições para atacar militarmente a Síria.

O primeiro a declarar seus planos de alterar a temática do encontro, tradicionalmente dedicado à economia global, foi o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. “A cúpula do G-20 em São Petersburgo tem como objetivo discutir questões econômicas, em particular os Objetivos do Milênio e o desenvolvimento sustentável”, disse ele antes de viajar para a Rússia. “Mas eu aproveitarei esta reunião para buscar, junto com os líderes mundiais, uma solução para a tragédia da Síria, prestando atenção para a tarefa de ajuda humanitária aos mais de 2 milhões de refugiados e 4,2 milhões de deslocados internos da Síria”.

A parte anfitriã afirma que a agenda econômica seguirá sendo essencial no encontro. O presidente russo, Vladímir Pútin, informou que foi elaborado um "plano de São Petersburgo" dedicado ao crescimento econômico, para estimular os investimentos e a criação de empregos.

Segundo estimou Xenia Yudáyeva, chefe dos especialistas da administração do presidente da Rússia, antes da inauguração da cúpula, as delegações concordaram com as minutas dos documentos finais em 99,9%. Em particular, ele se referia à declaração dos líderes e seus anexos.

Integram o G-20, Alemanha, Argentina, Arábia Saudita, Austrália, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, Estados Unidos, China, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia, África do Sul e a União Europeia.

O bloco, que reúne países industrializados e economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é responsável por 90% PIB mundial, 80% do comércio mundial e dois terços da população do planeta.

Reunião de chanceleres

A segunda conferência de paz para a Síria, uma reunião de chanceleres do G-20, proposta em maio pela Rússia e pelos Estados Unidos, vai acontecer na sexta-feira (6) e contará com a participação do enviado especial da ONU para o conflito sírio, Lajdar Brahimi.

A ONU confirmou a presença de Brahimi através de seu porta-voz Martin Nesrky, que sustentou que o diplomata viajou com urgência para São Petersburgo com o objetivo de respaldar a conferência, impulsionada por Moscou e torpedeada por Washington.

A ideia de um segundo encontro celebrado em Genebra surgiu da reunião entre Lavrov e John Kerry, em maio deste ano, na tentativa de buscar uma saída ao conflito sírio sobre a base dos acordos aprovados em junho do ano passado.

Desde então, o Kremlin concentrou seus esforços diplomáticos na realização dessa reunião denominada Genebra-2, enquanto a Casa Branca tomou o caminho de uma escalada que a coloca na antessala de uma iminente agressão contra Damasco.

“A solução política é a única via para colocar fim ao derramamento de sangue. Devemos avançar firmemente em direção ao foro no momento em que a preocupação mundial está centrada no possível uso de armas químicas”, declarou Nesirky diante da imprensa.

Por sua vez, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, admitiu na véspera, durante uma conversa com universitários russos, que a conferência Genebra-2 poderia acontecer em outubro.

Da Redação do Vermelho,
Com informações das agências de notícias