Israel e Palestina estão em impasse crucial nas negociações 

Nesta segunda-feira (16), os representantes da Autoridade Palestina e de Israel para as negociações de paz encontraram-se pela sétima vez, em Jerusalém, desde a retomada das conversações diretas, em julho deste ano, com a mediação ainda infrutífera dos Estados Unidos. O secretário de Estado John Kerry garantiu que o governo norte-americano tomará uma posição mais ativa nas negociações, como reivindicado pelos palestinos, que exigem atenção a questões substanciais, como o fim da ocupação.

Negociações Israel Palestina - Departamento de Estado dos EUA

Em encontro com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, em Londres, há mais de uma semana, Kerry garantiu que desempenhará um papel mais ativo nas conversações israelense-palestinas, caso as negociações continuem atoladas. O chanceler palestino, Riad al-Malki, confirmou que Abbas havia recebido garantias neste sentido.

Neste domingo (15), Kerry encontrou-se com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, para discutir as negociações. Entretanto, ambos recusaram-se a comentar sobre o encontro, segundo o jornal israelense Haaretz, uma vez que Kerry continua defendendo a “privacidade” como garantia do progresso nas conversações. Por outro lado, as autoridades palestinas continuam a recorrer à mídia para transmitir a sua frustração com o ponto morto das negociações.

A equipe israelense, liderada pela ministra da Justiça, Tzipi Livni, e a palestina, liderada por Saeb Erekat, concordaram em reunirem-se duas vezes por semana, e em focar, inicialmente, nas questões da fronteira e da segurança, mas há desacordos profundos além destes pontos.

Israel rejeitou a reivindicação palestina pelo reconhecimento das fronteiras pré-1967, ou seja, da linha ultrapassada pelos israelenses a partir da Guerra dos Seis Dias, naquele ano. Os palestinos chegaram a concordar com a troca de territórios, proposta feita pela Liga Árabe, para que Israel pudesse manter algumas das porções que ocupou com a construção de colônias.

Reforçando o bloqueio da posição israelense através da política doméstica, 17 membros da direita na coalizão governamental no Parlamento pediram ao premiê Netanyahu que não concorde com qualquer plano que inclua a entrega de territórios aos palestinos, em carta entregue a Netanyahu antes do seu encontro com Kerry.

Na semana passada, uma emissora israelense noticiou a “ameaça” do vice-ministro da Defesa, Danny Danon, do mesmo partido de Netanyahu (Likud), de expulsar o premiê do partido caso ele promovesse um acordo com os palestinos no futuro imediato, de acordo com o Haaretz.

Impasses em questões fundamentais

As autoridades palestinas acusam Israel de apenas reafirmar os princípios gerais sobre as fronteiras que apresentou nas tentativas de negociação em Amã (Jordânia), em 2012, e de recusar-se a apresentar posições mais detalhadas sobre o tema, que é crucial, até a definição das questões securitárias, ponto fundamental para os israelenses.

Entre os aspectos inaceitáveis para os palestinos, dentro desta questão, está a posição israelense sobre a manutenção do seu Exército ao longo do rio Jordão (na fronteira da Cisjordânia palestina com a Jordânia) por muitos anos, enquanto para os palestinos, nenhum soldado israelense será permitido nesta fronteira.

Uma autoridade palestina disse à agência AFP, citada pelo Haaretz, que as conversações estão em um estado de “crise silenciosa”, e que poderiam explodir caso Israel não modifique as suas posições. Além disso, a fonte também teria reclamado que o envolvimento dos Estados Unidos é mínimo, conforme exigido pelos israelenses. O enviado dos EUA para as negociações, Martin Indyk, participou em apenas uma reunião até o momento.

De acordo com o Haaretz, os norte-americanos estão buscando formas de romper o impasse nas negociações, porém. Kerry e a sua equipe estariam considerando apresentar ideias e construir propostas próprias.

Na próxima semana, os negociadores palestinos e israelenses irão para Nova York, no contexto dos debates de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas, cuja 68ª sessão foi inaugurada nesta terça (17). Na ocasião, os representantes também informarão os chanceleres do chamado “Quarteto” do processo de paz (União Europeia, ONU, Rússia e Estados Unidos) sobre as conversações.

Com informações do Haaretz,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho