Premiê sionista exige reconhecimento de Israel como Estado judeu

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, insistiu novamente no reconhecimento de um Estado israelense judeu, e que os palestinos abram mão do direito de retorno dos refugiados. Durante um discurso na Universidade Bar-Ilan, Netanyahu descreveu a sua percepção sobre a impossibilidade de uma solução de dois Estados, e disse que até o reconhecimento dos palestinos não seria o suficiente para qualquer semelhança com a paz, de acordo com o portal Middle East Monitor, nesta sexta-feira (11).

Colonos judeus na Cisjordânia - Reuters

Netanyahu afirma querer que o Estado judeu seja discutido fora de um quadro de ocupação ilegal, assim distanciando os palestinos da sua história e memória de deslocamento forçado, dentro da Palestina e no exterior.

“Após gerações de incitação, não confiamos que este reconhecimento vá se difundir entre o povo palestino. É por isso que precisamos de arranjos extremamente seguros sobre a segurança”, disse o premiê sionista. A questão da segurança está historicamente sobre a mesa de negociações entre palestinos e israelenses, e continua em foco na rodada retomada em julho.

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Netanyahu insistiu em que a ocupação e as atividades ilegais de colonização não obstruem o processo de paz, já que “a questão era e continua a ser o Estado judeu. Depois, 19 anos se passaram até que nos pressionam para nos desenraizarem. Por quê? Afinal, naquela época não havia ocupação”.

O discurso de Netanyahu exclui a existência da Palestina ao afirmar que os palestinos eram contra a “imigração de judeus para a Terra de Israel”, já que a intenção sionista era construir um Estado sobre a terra ocupada. A negativa ao retorno dos refugiados palestinos, entretanto, pode ser considerada no mesmo quadro, considerando-se os milhares de palestinos expulsos por grupos armados sionistas e, depois, pelo Estado de Israel, a partir de 1948. 

Entre os primeiros líderes sionistas, David Ben Gurion e Ze'ev Jabotinsky comentaram sobre as formas através das quais cada existência palestina poderia ser eliminada permanentemente da terra para que se assumisse autoridade absoluta sobre a Palestina e criasse uma nação fabricada, que coubesse na narrativa sionista de um “povo sem terra” e de uma “terra sem povo”.

Ao invocar o ano de 1921 como o que incendiou a violência ainda vigente, Netanyahu manipulou intencionalmente a história de forma a obliterar a ideologia anterior, que forneceu a fundação do futuro Estado judeu.

Deslocar e culpar os palestinos ao retratar os sionistas como se estivessem em acordo com o “Plano de Partilha” da Organização das Nações Unidas (ONU) é uma tática que busca legitimar as atrocidades de Israel. Afinal, as autoridades sionistas teriam aderido à organização internacional.

“Não apenas o Estado judeu deve ser considerado uma questão que impede qualquer perspectiva de paz. Sua construção sem ética e a manipulação internacional da memória e da história são preocupantes, especialmente na forma com a qual os sionistas esperam que os palestinos aceitem um Estado judeu dentre das suas fronteiras, o que também implicaria a dissociação da história e da resistência da Palestina”, afirma o artigo do Middle East Monitor.

Com Middle East Monitor,
Da redação do Vermelho