Israel anuncia lista de 26  palestinos a serem libertos na terça

O governo israelense divulgou, nesta segunda-feira (28), após discussões acirradas no comitê ministerial estabelecido para o assunto, uma lista de 26 prisioneiros palestinos a serem libertos na noite desta terça (29), no âmbito das negociações de paz com a Autoridade Palestina. O grupo será o segundo de uma lista de 104 palestinos detidos ainda antes dos Acordos de Oslo, de 1993, mas a medida é criticada efusivamente por setores do governo e da sociedade israelense.

Prisioneiros palestinos - Reuters

De acordo com o jornal israelense Ha’aretz, na lista estão cinco residentes de Ramallah e El-Bireh, cinco de Jenin e do campo de refugiados da região, três de Nablus, três de Hebron e três de Belém, um de Calquília (todas são regiões da Cisjordânia), e outros cinco são da Faixa de Gaza.

Como na primeira rodada de libertações, em que outros 26 palestinos saíram das prisões militares (de uma lista em que alguns estão presos há cerca de 30 anos), os prisioneiros árabe-israelenses (palestinos que têm a cidadania israelense) e os habitantes de Jerusalém Leste são omitidos, embora a lista de palestinos detidos há um período longo contenha 15 árabe-israelense e outros 10 de Jerusalém.

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Também como na primeira rodada de libertações, o jornal israelense, o mais crítico contra o conflito e a política opressora de Israel (entre os jornais tradicionais), faz um detalhamento longo dos prisioneiros a serem libertos, classificando-os pelos crimes dos quais são acusados e identificando as vítimas das suas ações.

Embora seja uma questão crucial tanto nas negociações com a Autoridade Palestina quanto na manutenção de uma ocupação militar e administrativa dos territórios palestinos, a libertação dos prisioneiros é respondida com críticas incisivas, vitimização dos israelenses e revolta pela medida de “concessão” do governo israelense.

A lista inclui o que as autoridades israelenses chamam de “prisioneiros securitários”, ou seja, suspeitos ou comprovadamente envolvidos em ataques contra israelenses. Entretanto, de acordo com organizações de defesa dos direitos humanos e autoridades palestinas, muitos deles são assim acusados mesmo que sejam apenas membros de grupos que tenham cometido crimes, sem ter ligação direta com as mesmas ações.

No domingo, o Comitê parlamentar de Constituição, Lei e Justiça rejeitou uma proposta feita pelo Lar Judeu, que acusava a libertação dos prisioneiros de ser ilegal; à frente das críticas está o ministro da Economia e representante dos colonos, Naftali Bennett.

Ainda assim, membros do partido disseram que apelarão da decisão. Já o ministro Gideon Sa’ar teria dito, durante uma sessão parlamentar: “Se a libertação dos prisioneiros os perturba tanto, então demitam-se”.

A ministra da Justiça, Tzipi Livni, que está à frente das negociações com os palestinos, disse ao Canal 2 israelense, ainda no domingo, que a tentativa de Bennett de impedir a medida é uma “tentativa cínica de usar uma determinada situação já aprovada pelo gabinete”.

Autoridades e organizações palestinas denunciaram ainda que, entre os detidos nas prisões israelenses estão 15 parlamentares da Autoridade Palestina.

De acordo com a agência palestina de notícias, Wafa, entre os libertados estarão 25 prisioneiros que servem prisões perpétuas. O 26º, Mousa Quran, de Ramallah, serve uma sentença de 28 anos de prisão.

O prisioneiro com a maior sentença é Issa Abed Rabbo, de Belém, que está na prisão há 29 anos, desde outubro de 1984. Seis outros estão na prisão de 1985, e outros foram detidos entre os anos de 1986 e 1994.

Com agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho