Trabalho: Negros ocupam mais vagas em todas as áreas da RMS

A criação de 70 mil novas ocupações na Região Metropolitana de Salvador (RMS) em 2012 representou um crescimento de 4,9% em relação a 2011, beneficiando particularmente à população negra. O dado é da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Salvador (PED-RMS), realizado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

Em 2012, o aumento do emprego foi considerável na Construção (8,3% ou 11 mil postos), nos Serviços (5,0% ou 43 mil), no Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (4,9% ou 13 mil) e, em menor proporção, na Indústria de transformação (1,4% ou 2 mil postos).

A população negra ocupada cresceu em todos os setores da atividade econômica. No Comércio, o número aumentou 8,4%; na Construção, 7,8%; nos Serviços, 6,3%; e na Indústria de transformação, 4,3%. Já os não-negros, reduziram seu contingente em todos os segmentos da estrutura setorial da ocupação.

Entre 2011 e 2012, a presença dos não-negros na indústria diminuiu (9,4% para 7,7%) assim como a dos negros (9,0% para 8,8%). Dentre os negros, a importância do emprego na indústria diminuiu apenas para os homens (12,2% para 11,8%), permanecendo estável para as mulheres (5,1%).

O Comércio elevou sua participação na estrutura ocupacional dos negros (18,8% para 19,1%) e diminuiu entre os não-negros (21,2% para 19,2%). O setor de serviços diminuiu a importância na estrutura ocupacional dos negros, refletindo o decréscimo ocorrido entre as mulheres negras (74,1% para 73,5%), pois entre os homens negros houve discreto aumento (47,5% para 47,8%).

PEA negra

No ano de 2012, a População Economicamente Ativa (PEA) elevou-se em 135 mil pessoas, resultado da entrada de 146 mil negros no mercado de trabalho e da saída de 11 mil não-negros. A geração de 70 mil novos postos de trabalho entre a população total e 86 mil entre a população negra, não foi suficiente para absorver toda demanda, elevando o contingente de desempregados na RMS em 65 mil pessoas: sendo 62 mil negros e 3 mil não-negros.

Em termos relativos, a ocupação elevou-se 4,9%, de modo geral, com diferentes variações por grupo populacional: homens negros, mais 7,2%; mulheres negras, mais 5,8%; homens não-negros, menos 10,2%; e mulheres não-negras, menos 7,6%.

Em 2011, o total de 40 mil postos de trabalho com carteira assinada gerados na RMS decorreu da ampliação de 45 mil postos de trabalho com carteira assinada entre a população negra, enquanto entre não-negros foram eliminados 5 mil postos. Já em 2012, 68 mil novos postos com carteira assinada no setor privado foram ocupados pelos negros, frente aos 63 mil gerados na RMS. Por outro lado, houve decréscimo de 4 mil entre os não-negros.

Rendimento Médio Real

Pelo segundo ano consecutivo, o rendimento médio real declinou. Contudo, no ano de 2011, o decréscimo foi observado em todos os grupos populacionais, mas com maior intensidade para os não-negros. Já em 2012, a redução do rendimento atingiu, principalmente, homens negros (-4,1%) e mulheres negras (-1,8%).

Historicamente, o rendimento médio real da população negra sempre foi inferior ao da não-negra. Nos anos de 2010 e, especialmente, 2011, os ganhos de rendimentos dos negros foram superiores aos dos não- negros, reduzindo o diferencial entre eles. Em 2012, o rendimento médio real dos negros diminuiu (3,2%), enquanto o dos não-negros permaneceu relativamente estável (-0,1%).

Os valores desses rendimentos passaram, entre 2011 e 2012, de R$ 1.077 a R$ 1.043, e de R$ 1.727 para R$ 1.726,00, respectivamente. Os homens negros registraram a maior perda de rendimento (de R$ 1.230 para R$ 1.179) no período analisado.

Os movimentos observados no valor do rendimento médio real auferido pelos grupos levaram à ampliação da desigualdade existente entre os ganhos de negros e não-negros. Enquanto as mulheres não-negras passaram a auferir 86,8% do rendimento médio real do homem não-negro, em 2012, frente aos 83,4% que tiveram em 2011, para os homens negros essa proporção passou de 61,3%, em 2011, para 59,7%, em 2012. No mesmo período, a proporção recebida pelas mulheres negras, em relação aos homens não-negros, passou de 51,0% para 50,9%.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro
Com agências