Diplomatas palestinos explicam renúncia e denunciam Israel

A equipe palestina nas negociações com Israel explicou as razões da sua demissão, nesta sexta-feira (15), através de um comunicado emitido pelo Departamento de Assuntos das Negociações da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).  

Saeb Erekat - Issam Rimawi/ FLASH90

De acordo com o comunicado, os diplomatas Saeb Erekat e Muhammad Shtayyeh escreveram ao presidente Mahmoud Abbas há vários dias explicando que não seriam capazes de continuar cumprindo as suas responsabilidades como negociadores, e que por isso pediam ao presidente que os liberassem das suas posições.

“Este pedido foi motivado por diversos fatores, inclusive: uma escalada sem precedentes da colonização e opressão contra a Palestina e o povo palestino pelo Estado de Israel; uma falta de seriedade do governo israelense sobre alcançar uma solução de dois Estados; e a falha do governo israelense em cumprir compromissos assumidos antes da retomada das negociações diretas, em 29 de julho de 2013”, afirma o comunicado.

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O documento adiciona que “é de preocupação especial o uso político que o governo israelense fez da libertação de prisioneiros pré-Oslo [ou seja, presos antes dos Acordos de Oslo, assinados em 1993] para avançar com o empreendimento de colônias ilegais e profundamente prejudiciais em todo o Estado da Palestina ocupado”.

Além disso, ressalta a “falsa alegação de que um acordo entre a OLP e Israel teria sido feito para a troca de prisioneiros por colônias”, que demonstrou a “má-fé” e a “severa falta de integridade do lado israelense”.

O documento afirma que a demissão dos negociadores palestinos “foi apresentada depois de Israel ter aprovado [a construção de] 6.296 [unidades habitacionais nas] colônias durante os primeiros meses das negociações. Este número é maior do que a quantidade total de unidades de assentamento aprovadas durante os cinco meses anteriores à retomada das negociações, de 5.577 unidades”.

A demissão não foi apresentada como uma resposta ao último anúncio do Ministério israelense de Habitação sobre a construção de quase 20.000 unidades habitacionais nas colônias, esclarece o documento.

Diferentemente dos relatos emitidos antes do comunicado dos diplomatas, sua demissão foi “uma resposta a diversas políticas que continuam a prejudicar as prospecções sobre uma solução de dois Estados negociada, inclusive a atividade acelerada de colonização”.

A chamada do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu à reconsideração “dos passos para avaliar o potencial de planejamento” em colônias israelenses ilegais não suspendeu as milhares de unidades que Israel já aprovou, e continua a aprovar no Estado ocupado da Palestina, denuncia o comunicado.

“Esta demissão relaciona-se apenas ao atual grupo de negociações: ela não invalida o compromisso feito pela Organização para a Libertação da Palestina de continuar as negociações até o fim do período de nove meses acordado com Israel e com os Estados Unidos, e que termina em 29 de abril de 2014”, afirma o documento.

A liderança palestina dará seguimento ao processo de consultas internas e aos contatos com a Liga Árabe, a Rússia, a União Europeia, as Nações Unidas e os Estados Unidos, “juntamente com outros parceiros internacionais, para avançar a causa por uma paz justa entre Israel e a Palestina, que inclui o fim da ocupação israelense de 1967 [a partir da Guerra dos Seis Dias e a anexação de territórios árabes] e alcançar uma solução para todas as questões de estatuto final, baseadas no direito internacional”, conclui o comunicado.

Fonte: Wafa
Tradução de Moara Crivelente, da redação do Vermelho