Acordo nuclear com Irã é saudado e já demonstra resultados
Embora a maior parte dos atores internacionais esteja ou envolvida ou otimista a respeito da condução das negociações entre a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Grupo 5+1 e a República Islâmica do Irã, grupos políticos conservadores e radicais dos Estados Unidos e o belicoso Israel continuam a emitir declarações agressivas. Entretanto, também se intensificam as opiniões, entre os próprios israelenses, que o acordo anunciado no domingo passado é positivo.
Publicado 29/11/2013 09:55
Desde que se intensificou a diplomacia entre o Irã e o G5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China, como membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e a Alemanha), o governo israelense e grupos de opinião mais radicais no país e nos EUA têm feito declarações histéricas sobre a necessidade de continuar ou intensificar a penalização do país persa com as sanções e, inclusive, de bombardear suas instalações nucleares.
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Com o anúncio do acordo nuclear que prevê, principalmente, o alívio das sanções agressivas contra o Irã, a redução do enriquecimento de urânio por parte dos persas e a permissão de maior acesso de inspetores internacionais às suas instalações nucleares, a opinião em Israel dividiu-se entre os que acusam o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de não ter berrado alto o suficiente contra o acordo e os que tentam tirar perspectivas positivas do resultado – mesmo que sob termos ainda agressivos.
Nos Estados Unidos, entre os republicanos, na Câmara de Representantes, Michele Bachman declarou, nesta quinta-feira (28), que as instalações nucleares do Irã devem ser bombardeadas. Segundo a republicana, o acordo diplomático colocou um risco grave à defesa e à própria existência de Israel, no seguimento da argumentação sobre um programa nuclear persa de fins bélicos, com objetivo exclusivo de atacar os israelenses.
Avanço diplomático
No sentido oposto, o empenho dos persas pela aproximação diplomática ao Conselho de Segurança e à AIEA, de que é membro e com a qual tem colaborado há décadas, tem sido saudado por diversos países e representantes de organizações e grupos internacionais.
Ali Akhbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã (OEAI) disse, nesta sexta (29) que o acordo nuclear alcançado no domingo já está em marcha, de forma voluntária, no que se refere ao programa nuclear iraniano. Um dos pontos principais, a suspensão de seis meses ao enriquecimento de urânio a 20%, por exemplo, já está em prática.
O caráter temporário do acordo serve para a avaliação do progresso dos compromissos assumidos. Do outro lado da mesa de negociações, sanções econômicas e financeiras contra bens persas no exterior também já devem ser aliviadas.
O Irã “entrou em uma interação política e internacional com países que, até hoje, mantinham uma postura hostil”, afirma Salehi. Em 1979, os EUA foram os primeiros a impor sanções contra bancos, empresas e produção petrolífera persa. Entre 2006 e 2010, a ONU e a União Europeia (UE) passaram a impor suas próprias medidas, com o impedimento de viagens internacionais e congelamento de ativos iranianos em bancos estrangeiros.
Depois do acordo, segundo a mídia internacional, diversas companhias multinacionais já estão se movimentando para a retomada de investimentos e comércio no Irã, que foi eleito presidente da Organização de Cooperação Econômica e será anfitrião da conferência que acontece nesta semana.
O ministro da Economia da Turquia, Zafer Caglayan, também deu declarações, nesta quinta (28), sobre a possibilidade de os bancos turcos privados fazerem transações com os iranianos devido ao acordo, já que eram pressionados pelos Estados Unidos contra as operações.
O Movimento dos Não Alinhados também deu declarações sobre o avanço diplomático significativo e sobre a necessidade de manutenção do curso de diálogos para solucionar o conflito político em torno do programa nuclear persa, ao passo que saudou o empenho do governo iraniano neste sentido.
Com informações de agências,
Moara Crivelente, da redação do Vermelho