Joan Edessom: A decadência sem elegância da "nova velha" direita
Por *Joan Edessom de Oliveira
Publicado 06/12/2013 10:54 | Editado 04/03/2020 16:27
Uma década depois da chegada de Lula ao poder, no terceiro mandato de uma coalizão que, a despeito da sua heterogeneidade, mudou a cara do Brasil em muitos aspectos, e para melhor, o ódio de classe dos setores mais conservadores da sociedade brasileira ganha dimensões cada vez maiores.
Desde que Lula, um operário metalúrgico, migrante nordestino, mestiço, homem do povo, assumiu o poder em 2003, não se passou um dia sequer sem que os setores mais conservadores vociferassem contra o povo e suas conquistas que foram se acumulando ao longo da década seguinte.
A orquestra da direita sobe ou baixa o tom de acordo com os seus interesses, sempre acompanhada por um coro diversificado, de variadas vozes, escolhido conforme cada ocasião.
Em determinados momentos os escalados para a linha de frente são humoristas ditos politicamente incorretos, a destilar preconceito contra nordestinos, mulheres, homossexuais, negros, pobres, enfim, contra o povo brasileiro. Em outros, entra em campo o time dos jornalistas dos outrora jornalões, revistonas, redes de televisão: mervais, mainardis, noblats, reinaldos, augustos. Em outros ainda, as “meninas” de certo humorista, sósia de personalidade importante da república, fazem a festa com seus comentários. Os alvos são sempre os mesmos: Lula, Dilma, o povo brasileiro, os comunistas, os petistas, os democratas, o governo. O objetivo é sempre o mesmo: atacar a ainda frágil democracia brasileira.
O povo, diariamente, é bombardeado com opiniões conservadoras e com a contrainformação patrocinada pela velha mídia. A Ação Penal 470 foi, talvez, o mais emblemático dos episódios de ataque ao governo, juntando em um mesmo balaio gatos de raças, cores e aspectos bem distintos, de membros da mais alta corte de justiça do país a jornalistas imortais, passando por esquerdistas à beira da revolução, atores e atrizes nem tão globais e os velhos e novos direitistas de sempre, abrigados no PSDB, DEM e quejandos.
Às vezes, o ódio de alguns setores da direita é tão grande que obriga mesmo os seus pares a reagir, como quando a insuspeita Mirian Leitão, representante quase oficial do conservadorismo brasileiro, atacou alguns dos seus colegas jornalistas, classificando-os como “direita hidrófoba”. Mirian, que inúmeras vezes rosna contra o governo, sabe bem do que fala.
Um dos setores mais recentes a incorporar-se ao coro da direita foi o de alguns roqueiros dos anos 1980. Primeiro o Roger, que a cada vez que fala, ultraja rigorosamente a inteligência do povo brasileiro. Por último o Lobão, convertido hoje em cãozinho domesticado, guardando amedrontado a propriedade dos seus patrões.
O que vimos no Roda Viva foi um espetáculo deprimente, comandado por um apresentador cujas qualidades andam longe dos significados mais correntes e conhecidos para o seu nome (a não ser que consideremos outro significado, menos conhecido, o de saltimbanco, palhaço).
O que vimos foi um Lobão decadente, sem nada de elegância, arreganhando seus caninos e babando ódio, para deleite do novo apresentador e sob os aplausos da direita e dos nem tão inocentes nem tampouco úteis “progressistas independentes” de plantão.
*Joan Edessom de Oliveira é membro do Comitê Estadual do PCdoB-CE.
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