Rebeldes avançam contra capital do maior estado no Sudão do Sul

Os rebeldes sul-sudaneses partidários do ex-vice-presidente Riak Machar avançaram até a cidade de Bor, capital do estado de Jonglei (ou Junclái), o maior do novo país, cuja independência do Sudão foi oficializada em 2011. O grupo, conhecido como “Exército Branco”, por camuflar-se com cinzas, marchou nesta segunda-feira (30) com a intenção de retomar o controle da região.

Sudão do Sul - UNMISS/Rolla Hinedi

Segundo o porta-voz do Exército do Sudão do Sul, Philip Aguer, os rebeldes preparam um novo assalto a Bor. A cidade esteve nas mãos dos insurgentes, expulsos da região na semana passada pelas Forças Armadas, mas não desistiram de controlá-la.

Segundo Aguer, milhares de insurgentes entraram em confrontos com as tropas sul-sudanesas a 40 quilômetros ao norte de Bor. O porta-voz disse ainda que também houve combates no estado petrolífero de Unity, onde o Exército conseguiu repelir os ataques em algumas zonas. Os rebeldes apoderaram-se também da região de Al-Wahda, rica na produção de petróleo, o que pode complicar a economia do país.

O ministro da Informação, Michael Makuei, acusou o antigo vice-presidente Machar de mobilizar 25 mil jovens do Exército Branco. Segundo a imprensa nacional, o grupo, que se afirma de base étnica, é notório pela crueldade com que enfrenta membros de comunidades rivais.

Entretanto, a Missão das Nações Unidas para o Sudão do Sul (UNMISS) manifestou a sua preocupação pela mobilização e pela possibilidade de que este grupo ataque os civis. A missão está efetiva desde 2011, com o mandato de “consolidar a paz e a segurança” no novo país, assim que o referendo para a independência do Sudão do Sul foi realizado, conforme o Acordo de Paz Abrangente de 2005, com o Sudão.

Já no conflito sul-sudanês, a questão étnica tem sido ressaltada como um componente importante, embora a questão econômica-política e a manipulação da identidade para agendas diversas seja um fator recorrente. Ainda assim, a contraposição de forças é caracterizada pelos embates entre o grupo Lou Nuer, de Machar, e o Dinka, do presidente Salva Kiir.

Negociações e deslocamento forçado

A persistência do conflito e a sua tendência à escalada teve de ser contraposta pelo presidente, entretanto, que assegurou à União Europeia (UE) estar pronto para uma reunião de discussão sobre uma solução à questão.

Alex Rondos foi apontado como representante especial da UE para o Sudão do Sul durante reuniões com o governo, em Juba, capital do país. Rondos, que chegou à capital no domingo (29), iniciou um grupo de consultas com as partes e promoverá um diálogo político, de acordo com a mídia nacional.

Além disso, na semana passada, o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, e o primeiro-ministro da Etiópia, Hailemariam Desalegn, também visitaram a capital sul-sudanesa para avançar propostas de negociações, uma iniciativa que a UNMISS afirmou apoiar firmemente.

Desde meados de dezembro, confrontos têm se intensificado entre as forças oficiais e os rebeldes, causando mais de mil mortos e 122 mil pessoas foram forçadas a se deslocar, de acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas. Em sua página oficial, a UNMISS relata que 63.000 pessoas procuraram refúgio em suas bases.

Em um comunicado de imprensa publicado neste domingo (29), a missão informou que a juventude insurgente tem se movimentado em todo o estado por algum tempo, com uma possível intenção de atacar comunidades. As tropas internacionais da ONU estão fazendo voos de reconhecimento sobre o estado para tentar estimar o número dos rebeldes armados e a direção em que se deslocam.

Da redação do Vermelho,
Com informações da Prensa Latina e da ONU