Moradores do Quilombo Rio dos Macacos são agredidos e presos

Os irmãos Edinei e Rosimere Santos, moradores da comunidade Quilombo Rio dos Macacos, localizada na Base Naval de Aratu e que disputa com a Marinha a posse da terra, foram presos, na tarde da última segunda-feira (6/1), no mesmo instante em que acontecia um protesto. Eles teriam se desentendido com os oficiais em serviço, que reagiram com violência.

O desentendimento teria começado porque os irmãos, que saíam de carro, pararam próximo da guarita da Marinha para dar passagem a uma carreta que circulava pelo local. Ao perceberem a aproximação, os militares pediram que saíssem e, quando Edinei e Rosimere voltaram para pedir a abertura do portão de acesso à comunidade, foram recebidos com chutes e murros e, depois, detidos.

Através da conta que possui em uma rede social, Olívia Santana, conhecida pela luta contra o racismo, no PCdoB e na Unegro (União de Negros pela Igualdade), protestou contra as agressões e pediu punição para os autores. Para ela, não há mais tolerância para a impunidade.

“Basta de agressões! Os responsáveis precisam responder pelos atos cometidos e o Estado brasileiro precisa reconhecer, definitivamente, o direito dos quilombolas de viver dignamente em sua terra”, escreveu Olívia, que atualmente é chefe de Gabinete da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado (Setre).

Os irmãos foram soltos no mesmo dia, à noite. Em nota, a Marinha do Brasil não confirmou as agressões e justificou as prisões: “As detenções foram motivadas pelas ameaças proferidas pelo Sr. Edinei contra as sentinelas de serviço e em razão do comportamento violento da Sra. Rosimeire, que tentou, inclusive, apoderar-se da arma de um dos militares”.

Após o episódio, os irmãos foram levados para fazer o exame de corpo de delito e prestar queixa na Polícia Federal. Além disso, uma denúncia foi feita pelo Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN) ao Ministério Público e à Fundação Palmares.

A área

O Quilombo Rio dos Macacos está localizado no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), e é alvo de processos de reintegração de posse pela Marinha. No entanto, um relatório técnico do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra),de agosto de 2012, comprova que o território é um quilombo remanescente de escravos.

De Salvador,
Erikson Walla