Novo escândalo coloca Exército contra a parede na Colômbia

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, pediu neste domingo (16) ao ministro da Defesa que investigue e adote sanções "contundentes e exemplares" nos casos de corrupção denunciados no Exército, destacando que os escândalos divulgados recentemente prejudicam o país.

Novo escândalo coloca Exército contra a parede na Colômbia - Mauricio Moreno/El tiempo

A denúncia, que foi feita pela revista Semana, revela a suposta existência de uma rede de corrupção para a alocação de contratos milionários na qual estariam envolvidos alguns generais e vários coronéis.

A revista teve acesso a centenas de conversas entre autoridades de alto escalão, entre 2012 e 2013, que citam subornos de até 50% sobre os contratos públicos. “Nos áudios fica claro que são muitos os contratos fraudados escolhidos a dedo. Também há provas de que são feitos por meio do uso de informação privilegiada que permitiria saber de antemão editais de licitações, tais como o plano de compra de várias unidades do Exército”, diz a matéria.

Em um breve comunicado, o presidente classificou como "muito graves os episódios de corrupção denunciados no interior do Exército Nacional" e garantiu ter dado instruções ao ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, para investigar.

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"Dei instruções para que (Pinzón) de imediato proceda com as decisões contundentes e exemplares que forem tomadas e as informe ao país. Isso é inaceitável", frisou Santos, depois de ter conhecimento da reportagem.

O presidente também pediu à Promotoria que "dê prioridade a essa investigação, do mesmo modo que a Controladoria, já que, por nenhum motivo, fatos de corrupção como esses devem ser investigados pela Justiça Militar".

Finalmente, Santos se declarou indignado "com o dano que isso causa às Forças Militares e ao país". O ministro Pinzón afirmou que não vai tolerar a corrupção, "em nenhum caso, nem em nenhum sentido", e disse que após uma análise minuciosa da situação tomará "as determinações que forem necessárias e que, claro, de maneira oportuna, saberemos comentar e explicar".

Um dos protagonistas deste novo escândalo é o coronel Róbinson González del Río, que atualmente está detido em uma prisão militar por um caso de falsos positivos. Este homem seria o responsável, de acordo a revista, de escolher os contratos.

Igualmente surpreende a proximidade que aparenta ter com o comandante das Forças Armadas, o general Leonardo Barrero, que na época era o comandante do Comando Conjunto do Ocidente.

Em sua defesa, Barrero emitiu um comunicado em que pediu desculpas ao Ministério Público e ao país “pelo uso infeliz de expressões que considero precipitadas e decepcionantes”, acrescentando que tinha “tranquilidade moral” já que disse não ter feito nenhuma intervenção em qualquer um dos processos de contratação citados pela revista.

Espionagem

O Exército da Colômbia informou na última sexta-feira (14) que um posto usado por seus serviços de inteligência em Bogotá, de onde supostamente se espionou políticos e funcionários do Estado, foi criada de maneira "legal" e ali "não foram realizadas atividades ilícitas".

Essa é uma das conclusões de um relatório lido nesta sexta-feira pelo inspetor geral do Exército, general Ernesto Maldonado, sobre as investigações desse caso que gerou um escândalo nacional ao ser revelado que entre os supostamente espionados estão membros da equipe negociadora do Governo colombiano com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em Cuba.

Uma matéria divulgada pela mesma revista Semana, no início da semana passada, revela que a agência de inteligência militar colombiana espionou um grupo de jornalistas que acompanha o diálogo de paz entre as Farc e o governo do país. De acordo com a emissora Univisión, cerca de 2,6 mil e-mails foram interceptados.

A denúncia levou à demissão da cúpula da inteligência do Exército colombiano e, segundo a guerrilha, seus delegados também foram vítimas desta prática. Outra revelação realizada pela revista colombiana afirma que mais de 50 prefeitos e dezenas de funcionários públicos foram objeto de espionagem pela inteligência do exército.

Da redação do Vermelho,
Com informações das agências de notícias EFE e do jornal El Tiempo