EUA: Obama avaliza projeto de lei para aumento do teto da dívida

O presidente dos Estados Unidos Barack Obama assinou um projeto de lei que permite elevar o limite máximo da dívida pública do país até março de 2015. No fim do ano passado, um embate político entre republicanos e democratas incluía o aumento do teto, já em US$ 17,6 trilhões, atingidos meses antes. Obama acabou cedendo à pressão dos oponentes em algumas questões relativas ao orçamento federal e autorizou um aumento temporário, em outubro.

Crise fiscal - Stephen Crowley / The New York Times

Segundo o documento aprovado por Obama nesta segunda-feira (17), o governo federal poderá continuar a contrair empréstimos até à data de 15 de março do próximo ano, para evitar o incumprimento das obrigações do pagamento da dívida, que vencerão no final deste mês.

A aprovação das emendas serviria evitar a crise orçamental que esteve à beira do colapso em outubro do ano passado, quando a recusa dos republicanos em apoiar a elevação do teto da dívida pública paralisou, por duas semanas, o funcionamento de instituições governamentais do país.

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De acordo com o jornal estadunidense The New York Times, dois líderes republicanos, os senadores Mitch McConnell e John Cornyn ficaram sob a mira de seus colegas ultraconservadores no chamado Tea Party, um grupo de pressão republicano, ao votar pelo desimpedimento ao aumento do teto da dívida, mas que isso aumentaria as chances do partido de ganhar a maioria no Senado, no próximo ano.

Segundo o senador e ex-candidato presidencial republicano, John McCain, a estratégia seria uma forma de tomar dos democratas a oportunidade de retratar o seu partido como inconsequente. “Desviamos de uma bala,” disse ele.

Democratas citados pelo New York Times reconheceram que o afastamento dos republicanos em relação à questão da dívida é “politicamente sábio” e representa outro fator das crescentes preocupações sobre suas próprias projeções no Senado, já que as “explosões extremistas” do partido prejudicam os candidatos republicanos.

Os republicanos afirmaram temer que um impasse sobre o limite da dívida causasse a reação dos mercados financeiros e provocasse dias ou semanas de atenção negativa sobre o seu partido, devido à ameaça de calote do governo, resultante do impedimento à aprovação do orçamento federal – e consequentemente, de qualquer gasto governamental.

Com mais de oito meses até o dia das eleições legislativas, lembra o jornal estadunidense, os grupos de apoio aos republicanos já gastaram mais de US$ 20 milhões em publicidade eleitoral, uma quantia que teria alarmado os democratas, sobretudo nos estados em que Obama conta com apoio bastante limitado.

A questão global relativa à dívida pública estadunidense – cujo teto é elevado anualmente, em uma escalada praticamente sem limites para uma política que, em outros países, teria consequências totalmente distintas, resultando descredibilizados – é constantemente transformada em um instrumento da disputa política nacional. Assim, analistas preveem que a corrida eleitoral deste ano será carregada.

Da redação do Vermelho