Frente Popular conta com solidariedade internacional à Palestina

Marwan Abdel Al, membro da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), esteve na sede do Comitê Central do PCdoB em São Paulo, nesta sexta-feira (21), em reunião com representantes do partido. Abdel Al integra uma delegação da FPLP que visita o Brasil desde a semana passada. Em declarações ao Vermelho, ele falou das negociações entre a Autoridade Palestina e Israel e de questões centrais na luta do povo palestino.

Por Moara Crivelente, da redação do Vermelho

FPLP e PCdoB - Clécio de Almeida

A delegação da FPLP, composta também por Abla Sa’adat, da União dos Comitês de Mulheres Palestinas, participou do 6° Congresso Nacional do MST, de 10 a 14 de fevereiro, onde leu uma mensagem do seu secretário-geral, Ahmad Sa’adat, que está preso no sistema carcerário militar israelense desde 2006.

Sa'adat é um dos cinco mil prisioneiros políticos palestinos em centros de detenção israelenses e um dos 15 parlamentares detidos. Além da libertação desses prisioneiros, sua campanha também envolve a denúncia à decadência do capitalismo e a luta “por um novo modelo de transformação socialista democrática.”

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Neste sentido, de acordo com a sua mensagem, lida no congresso do MST, o secretário-geral ressalta que a FPLP confirmou, em sua sétima Conferência, “a consolidação da unidade nacional para construir a nossa luta nas frentes de classe, palestina, árabe e internacional.”

Após o encontro com Jamil Murad, presidente do PCdoB-São Paulo e Rubens Diniz, membro da Comissão Internacional da Secretaria de Relações Internacionais do partido, nesta sexta, Abdel Al também fez referência a esta prioridade em declarações ao Vermelho. Abordando o recente processo de aproximação com os partidos islâmicos, principalmente o Hamas – que governa a Faixa de Gaza –, ele falou do fortalecimento nacional no cenário global e nas negociações com Israel, planejadas para durar até abril deste ano.

Entre as questões centrais postas sobre a mesa pela Autoridade Palestina, a partir da chamada "solução de dois Estados", estão a definição do Estado da Palestina nas fronteiras de 1967 (anteriores à Guerra dos Seis Dias, quando Israel passou a ocupar e anexar mais territórios árabes), o retorno dos refugiados palestinos, o estatuto da capital Jeursalém, a retirada dos colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental e a libertação dos prisioneiros políticos dos centros de detenção de Israel.

Entretanto, enfatiza Abdel Al, como nenhum avanço diplomático foi notado e os planos propostos pelos Estados Unidos, na postura de mediadores, só favorecem seu aliado israelense, os palestinos contam com a solidariedade internacional: “Não podemos fazer isso sozinhos,” diz ele.

Por isso, o recurso à Organização das Nações Unidas (ONU) e a efetivação das resoluções que garantem o direito palestino à autodeterminação, por exemplo, deve ser um objetivo central, com o apoio de movimentos e partidos como o PCdoB, que respaldam a causa palestina em sua luta pela libertação.

O representante da FPLP ressaltou a consolidação democrática na Palestina – com os diálogos entre partidos em disputa e a programação de eleições que legitimem o governo diante do povo e da sociedade internacional – como elemento de “uma luta de unidade”. Só assim, diz Abdel Al, um programa democrático inclusivo, como defendido pela frente, poderá ser realizado, e os palestinos serão fortalecidos em sua causa.

A FPLP, afirmou Sa'adat, em sua mensagem, defende uma solução de Estado único, através da derrubada do projeto sionista como estabelecido atualmente, da imposição de um "Estado judeu" sobre os territórios palestinos, em constante expansão da ocupação e o aprofundamento de uma ideologia racista e opressora. O secretário-geral da frente explicou:

"A violência do inimigo garante que precisamos confirmar o nosso compromisso com a opção da resistência, já que fecha todas as portas a uma solução política para o conflito. Nossa visão e estratégia, como Frente Popular, para resolver o conflito na Palestina, é o desmantelamento do projeto racista e colonial sionista e a construção de um Estado democrático, um Estado em toda a terra da Palestina, governado por um sistema democrático que rejeite todas as formas de discriminação com base de cor, raça, nacionalidade ou religião, e construa relações entre os habitantes da Palestina, árabes e judeus, baseadas na cidadania e na igualdade de direitos e responsabilidades."