Haitianas protestam por mais acesso das mulheres à Justiça

Violações sexuais nas ruas pelos soldados dominicanos, pelos homens nos mercados públicos e, principalmente pelas autoridades judiciais. Assim vivem as haitianas que moram na fronteira com a República Dominicana.

Com cartazes nas mãos, mulheres de Belladère, ligadas à organizações feministas, marcharam por seus direitos. Foto: Garr

Assim, sob o tema "Criar boas condições para as mulheres para ter justiça, é um grande passo no caminhoda igualdade entre mulherese homens", uma série de atividades aconteceram durante toda a semana passada em diferentes departamentos de fronteiras do Haiti e República Dominicana.

Tomando como marco o Dia Internacional da Mulher, marchas pacíficas, ciclos de discussões e atividades sociais aconteceram em toda a região. Na cidade fronteiriça de Belladère (Centro), uma grande marcha chamou a atenção da cidade para o problema das violações sexuais contra as mulheres haitianas, que são muitas vezes vítimas até nos mercados públicos do país vizinho, onde a discriminação contra os haitianos só aumenta após a decisão de despatriar os seus descendentes naquele país.

Bandeiras e cartazes na mão, elas gritavam palavras de ordem e pediam respeito e justiça para as mulheres, contra a impunidade conveniente com o machismo, o racismo e a xenofobia. As mulheres denunciam que as autoridades policiais e judiciais desprezam os direitos das mulheres vítimas de violência na região. As atividades fazem parte do projeto do Grupo de Apoio para Repatriados e Refugiados (Garr), "Fortalecer a proteçãode mulheres e meninasno Haiti e República Dominica na fronteira”.

Em Boc Banic, localidade da cidade fronteiriça de Thomassique, as mulheres denunciaram a problemática do estupro recorrente na região, pois elas temem apresentar queixa junto às autoridades. O mesmo aconteceu na cidade de Cornillon Grand Bois (Oeste), Jean Júnior Bertho, facilitador do debate pela ONG Garr, exortou as mulheres a reforçarem a sua liderança. Na cidade de Anse-à-Pitre, as mulheres têm se concentrado sobre as violações de direitos humanos de que estão sujeitos em mercados de fronteira.

A Coordenadora da Associação de Mulheres de VaillantesAnse -à-Pitre, Rosette Santana, denunciou a violência dos soldados dominicanos sobre as haitianas na fronteira, no que foi apoiada pelo vice-prefeito da cidade,Yli Montplaisir,que exortou as mulheres a denunciarem e a lutarem pelos seus direitos.

Fonte: Adital